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VIDA URBANA

CG: falta de água deve prejudicar hemodiálise

Em Campina Grande, que vive em racionamento há 8 meses, escassez de água assombra pacientes e gestores de hospitais.

Publicado em 25/08/2015 às 6:00

Se a escassez de água e os rígidos racionamentos vivenciados atualmente atormentam grande parte da população paraibana, que relaciona prejuízos nas atividades econômicas e até no consumo doméstico, o que dizer da interferência desse problema nos serviços essenciais, como a saúde? Para os pacientes com problemas renais, a situação é ainda mais sensível, já que nas sessões de hemodiálise, o recurso mais importante é também o mais difícil em nossos tempos: a água. E sem água, não é possível fazer hemodiálise.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, cada paciente utiliza, em média, 300 litros do líquido por sessão, e cada um deles precisa do tratamento ao menos três vezes por semana, resultando em um consumo aproximado de 900 litros de água por pessoa.

Em Campina Grande, que vive em racionamento há 8 meses e já sabe que a medida será ampliada a partir de novembro, a escassez assombra tanto pacientes quanto gestores de hospitais. “Quanto mais se aumenta o racionamento, mais fica difícil de trabalhar. Mesmo que tenhamos reservatórios, nossa preocupação é de onde essa água vai vir”, desabafou Ilka Nunes, diretora do Hospital Municipal Dr. Edgley Maciel, que atende 160 pacientes renais. Na cidade, quatro unidades realizam hemodiálise em cerca de 600 pacientes, conforme a Secretaria Municipal de Saúde.

Para quem não tem a função plena dos rins, a hemodiálise é questão de vida ou morte. “Só a gente sabe a importância da hemodiálise para viver. Vejo gente gastando água sem controle, e isso me dói, porque sei que a cada dia que passa a situação fica mais complicada. É nossa expectativa de vida”, disse a dona de casa Maria de Lourdes Souza, de 32 anos. Ela perdeu a função dos rins após um problema no canal da urina não tratado.

A nefrologista e coordenadora do serviço de hemodiálise do Hospital Dr. Edgley, Aparecida Firmino, explicou que sem a realização da hemodiálise, o sangue fica com alta concentração de substâncias que deveriam ser excretadas com a urina, o que pode provocar uma insuficiência cardíaca aguda e levar o paciente à morte.

Para prevenir problemas no atendimento, a diretoria da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), que também realiza o procedimento de hemodiálise, já pensa em um plano B para casos de urgência, que seria a compra de carros-pipa. “Eu tenho esperança que o atendimento não seja prejudicado, acompanhamos diariamente a quantidade de água acumulada e fazemos projeções. Seria, antes de tudo, uma negligência nós deixarmos essa situação chegar ao caos, porque temos a consciência de que é preciso um estoque mínimo para garantir a manutenção de um serviço tão essencial para esses pacientes”, comentou o presidente da unidade, Helder Macedo.

O coordenador de terapia renal do Hospital Antônio Targino, Rafel Maciel, ressaltou que o racionamento, mesmo que seja severo, não deveria atingir as unidades de saúde. “É uma preocupação muito grande, não fazer esse tratamento pode significar a própria vida das pessoas. As autoridades têm que tomar alguma providência para que esse serviço não seja prejudicado.” No Antônio Targino, 170 pacientes fazem hemodiálise.

Já no Hospital João XXIII, que atende cerca de 170 pacientes, a chefe do setor de hemodiálise, Clarissa Cordeiro, informou que com a ampliação do racionamento, é possível que o horário das sessões seja diminuído. “Ainda não fomos afetados por esse racionamento atual e estamos conseguindo atender da forma ideal, quando o paciente faz quatro horas de diálise. Mas estamos preocupados com o aumento dos dias sem água, que poderá exigir a redução do tempo da sessão para três horas. O procedimento será realizado, mas não com a mesma eficiência e qualidade”, avaliou.

SOCIEDADE DE NEFROLOGIA QUER ASSEGURAR QUALIDADE
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a falta de água pode prejudicar o atendimento aos pacientes, pois a hemodiálise é um procedimento que depende de água para ser realizado. Na região Sudeste, por exemplo, que também vive uma crise hídrica, esses casos já vêm acontecendo. A SBN orienta ainda que as unidades de hemodiálise devem garantir que não falte água para os pacientes, além de se assegurar da qualidade da água ofertada, ou seja, seguir as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

PRIORIDADE
Por meio de nota, a Sociedade Brasileira de Nefrologia, informou que quando houver falta de água, os administradores devem comunicar ao gestor local e também à companhia fornecedora de água sobre a importância de priorizar a distribuição de água na unidade. “Caso a água seja ofertada por caminhões-pipa, ela deve ter os padrões de segurança e qualidade de acordo com a necessidade da clínica e seguir as normas estabelecidas.”

MAIS ARMAZENAMENTO
De acordo com a secretária de Saúde de Campina Grande, Luzia Pinto, para garantir o atendimento dos serviços de saúde na cidade, a medida que está sendo tomada é aumentar a capacidade de armazenamento dos hospitais. “Todos têm que estar preparados e fazer um esforço concentrado para que esse problema não afete os pacientes”, disse a secretária.

Em nota, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) informou que como nos dias de racionamento o abastecimento é desligado na cidade, não tem como a Cagepa fornecer água exclusivamente a alguns serviços essenciais, como saúde e educação. “Não há uma rede própria para abastecimento a alguns locais específicos. A Cagepa orienta que os gestores dos hospitais possam pensar em medidas alternativas para armazenar água nos dias de abastecimento normal ou até na perfuração de poços, como já acontece em algumas unidades de saúde do município”, diz a nota.

REUNIÃO
Na tarde de hoje, gestores de saúde de vários municípios se reunirão para discutir a acessibilidade à água nos serviços de saúde. O encontro ocorrerá a partir das 14h no Conselho Municipal de Saúde no bairro da Liberdade.

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Jornal da Paraíba

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