VIDA URBANA
CG se mobiliza contra a exploração sexual
Com o registro de 83 casos de violência contra a criança, Campina Grande se mobiliza pelo combate ao abuso e exploração sexual.
Publicado em 17/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 13:23
Seis meses nas ruas de Campina Grande é uma experiência pesada para uma adolescente de apenas 12 anos de idade.
Hoje, estudante e com 21 anos, Sabrina Kelly Santana contou que fugiu de casa porque sofria abusos do pai, através de agressões físicas. Ela foi acolhida pelo projeto 'Vira Vida' e fez jus ao nome do programa que devolve à criança e ao adolescente o convívio saudável em sociedade.
Como o dela, outros casos também foram denunciados, mas a maioria ainda continua em silêncio. Ontem, a cidade se mobilizou em prol do combate ao abuso e à exploração sexual. Em 2013, Campina Grande registrou 86 casos de violência, sendo 52 de abuso e 34 de exploração sexual.
A jovem esteve ontem com outras crianças e adolescentes que participam de projetos sociais da prefeitura municipal e de organizações não governamentais, antecipando o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que acontece amanhã (dia 18), durante uma ação na Praça da Bandeira.
Segundo a gerente da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Ação Social do município (Semas), Uelma Alexandre, entre 2001 e 2012 foram 1.296 denúncias aos conselhos tutelares da cidade, mas a maioria dos casos ainda não é revelada.
“Nessas mobilizações o intuito maior é o combate, então a gente pensa nesses espaços de discussão, justamente para criar meios para enfrentar a problemática, porque a gente só tem visibilidade através das denúncias que chegam aos conselhos tutelares e ao Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). Aí é quando a gente pode ter noção, ideia dessa violência, levando em consideração que muitos casos não são denunciados, por medo ou por várias outras questões. Da mesma forma que existe a rede de proteção, também existe a rede de exploração” informou. Em sua maioria, os casos acabam acontecendo entre familiares ou pessoas de confiança da vítima.
Durante a mobilização que aconteceu em vários pontos da cidade, com concentração na Praça da Bandeira, foram realizadas ações de panfletagem e apresentações artísticas (com música, dança e capoeira).
“A panfletagem aconteceu em vários pontos da cidade, em semáforos, como o da Cavesa, do Banco do Brasil da Avenida Canal, aqui na Praça da Bandeira, na integração, no Açude Novo, e no posto da Polícia Rodoviária Federal, com saída para João Pessoa”, contou a gerente Uelma Alexandre.
De acordo com ela, as ações de combate ao abuso e exploração sexual acontecem na cidade através de mecanismos como o Redeca/Rede Ativa (Rede Municipal de Atendimento às Crianças e Adolescentes), do Ministério Público do Estado, instituições governamentais e não governamentais, que discutem as política públicas, enfrentamento ao problema também através de campanhas de prevenção em escolas, postos de saúde e demais locais públicos.
“Existem várias pessoas que estão nesses espaços explorando crianças e adolescentes e se a gente enquanto sociedade civil, enquanto órgão público, não estiver junto para dar enfrentamento, para denunciar essa violência, ela vai permanecer por muitos anos”, afirmou.
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