VIDA URBANA
Cinzas de família morta em chacina na Espanha chegam em João Pessoa
Restos mortais chegaram no Aeroporto Castro Pinto, na Grande João Pessoa, nesta terça (10).
Publicado em 10/01/2017 às 14:18
As cinzas da família paraibana vítima da chacina em Pioz, na Espanha, chegaram ao Aeroporto Castro Pinto, em Bayeux, na Grande João Pessoa, na tarde desta terça-feira (10). As quatro urnas com as cinzas de Marcos Campos Nogueira, Janaína Américo, e dos dois filhos do casal saíram da Espanha na segunda (9) às 21h41, no horário espanhol (18h41 no horário local). A família foi cremada no dia 23 de dezembro, na cidade de Guadalajara.
Apesar da chegada, as cinzas não foram liberadas pela Receita Federal. Segundo Walfran Campos, irmão de Marcos, a família vai precisar ir à sede do órgão em Cabedelo na manhã desta quarta (11), pois os restos mortais vão passar por uma verificação de rotina, relacionada à fiscalização de entorpecentes, através de scanner, além de vistoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com Walfran, a família precisou pagar uma taxa de 35 euros por urna, valor não informado anteriormente.
Ainda conforme ele, caso a liberação aconteça, uma missa será realizada na quarta-feira à noite, na Igreja São Gonçalo, na Torre; já o velório acontece na quinta (12), das 9h às 16h no cemitério Parque das Acácias, no bairro do José Américo, na capital. A cerimônia fúnebre será aberta ao público e a família deve ser enterrada em um único caixão.
Família de Marcos Campos Nogueira aguarda no Aerporto Castro Pinto a chegada das cinzas (Foto: Marcelo Lima)
"Eles foram inteiros e estão voltando as cinzas. A dor é grande, não só da parte da minha família, mas da família também da Janaína, estão todos sofrendo, mas temos que suportar essa dor", afirmou Walfran, ressaltando que aguarda que a Justiça seja feita em relação a Marvin Henriques, outro suspeito de participação na chacina.
"Essa dor vai amenizar um pouco quando a Justiça no Brasil for competente como a da Espanha. É vergonhoso, é lamentável uma juíza liberar um cidadão quando se tem provas contundentes, reais, de que ele participou da morte do meu irmão", comentou. "A gente está suportando para não fazer justiça com as próprias mãos", acrescentou.
Abalada, a irmã de Marcos, Ana Maria Campos Nogueira, disse que ainda é difícil lidar com a perda. "É muita saudade. A gente vir pegar uma família completa morta não é fácil, é muito difícil", mencionou.
Conforme familiares, Soraia, a outra irmã de Marcos e mãe de Patrick Gouveia, acusado do assassinato, está em João Pessoa, mas não foi ao aeroporto acompanhar a chegada das cinzas.
Os corpos foram liberados pela justiça espanhola no dia 20 de dezembro, mas faltava a expedição das certidões de óbito por parte do consulado brasileiro na Espanha, para que as urnas com as cinzas pudessem ser transportadas.
Relembre o caso
Os corpos da família paraibana foram descobertos no dia 18 de setembro, um mês após o crime. As autoridades foram alertadas por um vizinho 'que percebeu o odor' vindo da residência. As vítimas do crime foram Marcos Campos Nogueira, Janaína Santos Américo e os dois filhos pequenos do casal.
Inicialmente a Guarda Civil espanhola trabalhou com a possibilidade de ajuste de contas. Porém, com o avançar das investigações, descartou-se essa tese e, 15 dias após a descoberta dos corpos, o caso foi dado como encerrado. E François Patrick Nogueira Gouveia foi apontado como único suspeito, após a polícia achar material genético dele no local do crime. Patrick se entregou na Espanha e confessou ser o autor do crime.
Em depoimento, Patrick admitiu ter planejado o crime. Ele negou ter agido por impulso e disse que foi até a casa com o o intuito de matar todos os parentes e não apenas o tio.
Amigo de Patrick
Patrick chegou a fazer selfies com os corpos esquartejados da família paraibana durante a chacina e enviou para um amigo dele, Marvin Henriques, que foi preso por participação no crime. As fotos foram encaminhadas via WhatsApp para comprovar que ele realmente tinha cometido o crime.
Um amigo de Marvin pegou emprestado seu celular, notou uma conversa com Patrick e, quando abriu, viu as fotos dos cadáveres da família paraibana. Esse amigo de Marvin levou o celular para a Polícia Federal, que iniciou a investigação. O celular que continha as fotos está anexado ao inquérito principal. Marvin foi liberado da prisão e passou a ser monitorado com tornozeleira. Ele passou a ser réu no processo de chacina na Espanha.
Exame de sanidade
No final de dezembro, Patrick passou por um exame psiquiátrico que apontou que ele é um psicopata com risco de reincidência e um alto grau de periculosidade.
O exame também classifica Patrick como uma pessoa consciente do que faz, muito inteligente e com total carência de sentimentos. Segundo os psiquiatras, o jovem possui uma absoluta falta de empatia e se mostrou incapaz de se colocar no lugar das suas vítimas.
Os psiquiatras forenses estiveram com ele durante três sessões. O exame será uma das provas periciais para decidir a plena responsabilidade penal de Gouveia nos assassinatos.
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