VIDA URBANA
Corpos de 39 pessoas são ignorados pelas famílias no Numol
Somente em 2010, mais de 950 corpos deram entrada no Núcleo de Medicina e Odontologia Legal, que atende a todos os municípios do Compartimento da Borborema e Cariri.
Publicado em 26/12/2010 às 12:24
Alberto Simplício
Do Jornal da Paraíba
Somente em 2010, mais de 950 corpos deram entrada no Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol), que atende a todos os municípios do Compartimento da Borborema e Cariri. Desses, 39 corpos foram ignorados pelas famílias no primeiro momento, sendo que 16 ainda são considerados indigentes, por nunca terem sido reconhecidos por ninguém ou simplesmente porque os parentes não demonstraram interesse em resgatar o cadáver para realizar o sepultamento. Mais da metade dessas mortes estão relacionadas a homicídios.
De acordo com o chefe do Numol, José Cavalcanti dos Santos, os cadáveres que dão entrada na antiga Unidade de Medicina Legal (UML) ficam por mais de um mês aguardando a identificação dos parentes sob refrigeração, caso não estejam em decomposição.
“Depois desse período, precisamos dar um destino aos corpos, pois não podemos ficar com eles. Então identificamos os corpos com um número, que corresponde às características genéticas colhidas através dos exames feitos com base nos materiais biológicos e da arcada dentária, e daí, eles seguem para serem enterrados”, explica.
Ele diz que atualmente, o local reservado para o sepultamento dos indigentes fica no cemitério do Araxá e no caso de alguma necessidade, para fins de investigação ou para a certificação da morte de alguma pessoa desaparecida, é possível que seja feita uma exumação.
De acordo com o chefe do Numol, muitos dos cadáveres que acabam ignorados pelas famílias são de pessoas envolvidas em homicídios ou que tiveram uma vida de criminalidade e, por esse motivo, acabam sendo rejeitados mesmo após a morte.
“Temos o caso de um, que foi morto em uma troca de tiros com a polícia e, apesar de termos identificado os familiares, eles preferiram não vir fazer o reconhecimento, pois já não tinham nenhuma relação com o morto”, relatou. Existem ainda casos de mendigos encontrados mortos que acabam nunca sendo identificados, por não existir nenhuma pista de quem são seus parentes.
A média diária de corpos que dão entrada no Numol de Campina Grande é de três cadáveres, mas nos finais de semana a movimentação no núcleo tende a ser maior, devido a ocorrência de acidentes automobilísticos serem mais comum. Os acidentes, juntos com os homicídios, representam os principais motivos de envio de cadáveres ao núcleo. “Casos de afogamentos e suicídios ocorrem em menor quantidade”, conta o responsável pelo núcleo.
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