Creche interrompe atendimento em Campina

Há duas semanas, pais preocupados com o fechamento da creche municipal Alcides Cartaxo Loureiro, localizada no bairro do Cinza, em Campina Grande, procuraram a Comissão Especial de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CEDDCA) da Ordem dos Advogados da Paraíba (OAB/PB-CG) para reclamar das constantes interrupções de atividades no local em horário de atendimento.

O presidente da CEDDCA, Rubens Nascimento, recebeu novamente telefonemas de pais preocupados com o fechamento da creche, que aconteceu novamente ontem. Segundo Rubens, a descontinuidade no atendimento das crianças regularmente matriculadas acarreta situações de risco para elas, que ficam sujeitas a ficar sozinhas em casa ou mesmo submetidas a situações de maus-tratos por terceiros.

Segundo Neide Dias, diretora da creche, o fechamento foi motivado por uma formação do Projeto Paralapracá e acontecem mensalmente com a participação dos 23 professores da instituição.

“Esta é uma exigência do Instituto C&A, que beneficiou as 25 creches do município com a doação de material didático e a quantia de R$ 25 mil para serem investidos nas formações. A contrapartida do município é preparar os profissionais”, disse Neide.

A creche atende 137 crianças, de 4 meses até 6 anos de idade.

De acordo com a diretora, a última paralisação que aconteceu na segunda-feira, dia 5, foi devido a uma assembleia realizada entre os servidores da educação e o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste da Borborema (Sintab). “Eles são servidores concursados e têm direito de participar da reunião, não temos como impedir”, justificou Neide.

Em relação às formações serem realizadas fora do horário de atendimento das creches, como solicitou o Ministério Público, o secretário de Educação de Campina Grande, Flávio Romero, informou que não é possível em decorrência da carga horária dos servidores (25 horas) e indisponibilidade de tempo de alguns profissionais, que trabalham em outros locais.

Posicionamento Instituto C&A

O Instituto C&A gostaria de esclarecer que criou o projeto Paralapracá em 2010, com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças (0 a 6 anos) na educação infantil. Para tanto, lançou edital abrangendo a região Nordeste, para que as redes públicas de ensino interessadas pudessem se inscrever. Cinco municípios foram escolhidos, seguindo critérios previamente estabelecidos, entre eles Campina Grande.

O projeto atua com duas linhas complementares: a formação continuada de professores, esforço fundamental para que o atendimento oferecido às crianças seja cada vez melhor, e a disponibilização de materiais pedagógicos de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. Os professores devem dedicar 4 horas mensais aos encontros formativos, podendo a carga horária total ser dividida em 2 encontros de 2 horas cada.

Cada rede é responsável por definir, junto com a Secretaria Municipal da Educação, os horários em que as aulas de formação dos professores devem ser realizadas conforme suas necessidades, podendo distribuir este período ao longo de um mês, por exemplo. Dessa forma, entendemos ser possível viabilizar a formação continuada dos professores e garantir o atendimento essencial às crianças.

O Instituto C&A informa que em nenhum momento estabeleceu exigências que prejudicassem o funcionamento de qualquer instituição de ensino com o projeto Paralapracá. Ao contrário, o projeto foi concebido com o compromisso de fomentar o desenvolvimento da educação infantil no Brasil. Em Campina Grande, participam 25 escolas, sendo 166 salas, beneficiando 3.111 crianças, 364 professores e 25 coordenadores. Na região Nordeste, o Paralapracá é desenvolvido em 125 escolas, beneficia 124 coordenadores pedagógicos, mais de 1.050 professores e cerca de 18 mil crianças da educação infantil.

Atualizada em 16 de setembro de 2011