VIDA URBANA
Cresce população indígena na PB
Dados do IBGE também mostram que, no mesmo período (2000 a 2010), nacionalmente, esse crescimento não chegou a 1%.
Publicado em 23/10/2011 às 6:30
A população indígena da Paraíba quase dobrou nos últimos 10 anos, conforme dados do Censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados também mostram que, no mesmo período (2000 a 2010), nacionalmente, esse crescimento não chegou a 1%. Para especialistas e lideranças indígenas estaduais, mesmo com o grande crescimento, eles não perderam suas tradições e identidade cultural.
“Nossa cultura significa nossa religião, nosso saber, nosso pensar. Isso é que é o mais importante e não a forma de se vestir ou o tipo de moradia”, ressaltou o pajé da aldeia São Francisco, no município de Baía da Traição, Francisco José dos Santos. Aos 65 anos, ele conta que já viu muitas mudanças na forma de viver e morar dos índios de sua aldeia, mas garante que a essência da tradição não foi perdida.
“Eu sou filho da natureza. Uso colar e cocar com amor e preparamos o toré”, afirma o pajé. O toré, inclusive, é uma dança ritualística que representa um dos símbolos da identidade indígena. “É verdade que já temos muita influência do homem branco, e isso me preocupa. Mas mesmo assim, não estamos abandonando nossa cultura, pois estamos incentivando nossas crianças, através de professores indígenas”, disse.
“Um povo que não preserva sua cultura termina sendo extinto. Por isso, estamos incentivando nossas crianças a dançarem o toré e aprenderem o tupi. Os potiguaras, na Paraíba, têm uma história de resistência há mais de 500 anos. Sempre resistimos e vamos continuar aqui porque é a cultura que une o nosso povo”, afirmou o cacique da aldeia Forte, em Baía da Traição, Sandro Gomes Barbosa, que é também assessor indígena do governo do Estado.
Os índios que habitam a Paraíba são os potiguaras e os tabajaras. A grande maioria são potiguaras, que vem dos municípios de Baía da Traição (13 aldeias), Marcação (15 aldeias) e Rio Tinto (4 aldeias). Os tabajaras, menos de mil indígenas, vivem em Barra de Gramame e no Conde. Baía da Traição é o município onde vive quase a metade dos índios. Lá há 13 aldeias e a São Francisco é chamada de “aldeia mãe”, pois suas decisões são seguidas praticamente por todas as outras.
Nacionalmente, o IBGE mostra que o crescimento da população indígena foi bem aquém do aumento da Paraíba. Enquanto que no Estado o crescimento foi de 89%, nos últimos dez anos, no Brasil, o aumento foi de 0,04%.
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