VIDA URBANA
Crescimento acelerado da frota dificulta trânsito em João Pessoa
São 200 mil carros em cirulação e 78 novos a cada dia, segundo dados do STTrans e da UFPB. Falta de planejamento e investimento em transporte de massa agravam situação.
Publicado em 16/05/2010 às 15:44
Phelipe Caldas
Do Jornal da Paraíba
Especialistas, autoridades públicas e a população em geral concordam. Nunca foi tão difícil dirigir em João Pessoa, uma cidade com mais de 200 mil carros em circulação, segundo pesquisa da Superintendência de Transporte e Trânsito (STTrans) da Prefeitura de João Pessoa, e que todos os dias tem um incremento de 78 novos veículos em sua frota, segundo estudo do professor Newton Andrade, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e publicado na Revista Nacional de Transporte Público. Se o problema já é grave, fica ainda pior em horários de pico que vão das 7h30 às 8h30, do meio-dia às 13h e das 18h às 19h30.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA visitou durante uma semana os principais pontos de sufocamento do trânsito pessoense, conversou com especialistas e com quem vive o dia a dia do problema e a conclusão é simples: a falta de planejamento e o tímido investimento em transporte de massa de qualidade agravaram ainda mais a situação, que ao que parece está longe de uma solução.
Basta pegar como exemplo a avenida Epitácio Pessoa, considerada hoje a mais congestionada da cidade. Um estudo realizado em março pela STTrans mostra que nos momentos mais intensos a avenida registra um fluxo de dois mil carros por hora passando em apenas um dos sentidos.
O engenheiro civil Vinícius Andrade, que todos os dias enfrenta a aventura de dirigir pela Epitácio, resume seu cotidiano. “O trânsito em João Pessoa está imoral. É um caos. A gente tenta se livrar dos engarrafamentos, optando por vias paralelas, mas até as opções alternativas ficam congestionadas”, descreve, se referindo a vias alternativas como a avenida Júlia Freire.
O estudante Yuri Camboim, por sua vez, arrisca uma opção ainda mais drástica para fugir dos congestionamentos. “O jeito é comprar uma moto”, declara de pronto, sem saber que o estudo de Newton Andrade aponta também que 40% das vítimas de acidentes no trânsito pessoense são formadas por motoqueiros, que muitas vezes nem têm culpa pela batida, mas que normalmente levam a pior.
Oficialmente, a STTrans reconhece atualmente quatro pontos críticos de “gargalos” no trânsito de João Pessoa: a própria avenida Epitácio Pessoa, a avenida Rui Carneiro, a avenida João Rodrigues Alves (principal dos Bancários) e a avenida Cruz das Armas (principalmente nas proximidades da Feira de Oitizeiro). E promete melhorias em todas elas para tentar aliviar o trânsito. “Todas estas ruas estão em fase de análise e estudos e em breve apresentaremos novidades para o trânsito”, destaca Pablo Fragoso, diretor de trânsito da Superintendência.
A Rui Carneiro, por exemplo, é uma avenida que sofre hoje um problema no mínimo inusitado que, segundo Pablo, a STTrans vai ter que “quebrar a cabeça” para corrigir. “Hoje ela começa com três faixas, passa para duas faixas na metade e termina com apenas uma faixa. Vamos ter que modificar tudo por ali”, explica o diretor de trânsito.
Comentários