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VIDA URBANA

Crianças ficam expostas ao perigo morando nas ruas

Levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social revela que 25 crianças e adolescentes vivem nas ruas de João Pessoa.

Publicado em 21/10/2012 às 15:00

Dependência química e conflitos familiares são os principais fatores que levam um jovem a abandonar a própria casa para passar a viver sem um teto fixo. Um mapeamento feito pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) da Prefeitura Municipal de João Pessoa estima que existam aproximadamente 25 crianças e adolescentes morando em ruas e praças da cidade. O número já foi bem maior, mas a redução verificada nos últimos anos não significa que a situação esteja resolvida.

Assistentes sociais argumentam que a maior dificuldade é convencer o próprio jovem a deixar as ruas.

O último estudo detalhado feito pela Sedes a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) é de 2008. Nele consta que existiam vagando pelas ruas da cidade de João Pessoa aproximadamente 1.256 pessoas em situação de vulnerabilidade social sem residência fixa, dos quais cerca de 80 tinham menos de 18 anos. Uma sondagem feita pelo Programa de Abordagem de Rua à Criança e Adolescente (Ruartes) aponta que, após três anos, o número foi reduzido para cerca de 25 jovens. O total corresponde apenas às crianças e adolescentes em "situação de rua", que não têm uma estrutura familiar.

O adolescente José (nome fictício), de 14 anos, tem família, mas prefere ficar na rua a maior parte do tempo. “Minha mãe mora no Renascer, mas eu não gosto do marido dela porque ele bate em mim e nos meus irmãos. Quando fico com raiva, fujo e fico dormindo na rua, tentando conseguir dinheiro ou comida. Quando não consigo nada, sou obrigado a voltar para casa”, conta o jovem. Segundo José, a vida nas ruas começou há aproximadamente um ano, quando a mãe, que tem outros quatro filhos menores, passou a viver com um novo marido. José é alfabetizado mas não estuda, abandonou a escola aos 12 anos.

De acordo com o estudo da Sedes, o perfil dos jovens moradores de rua é basicamente o mesmo: a maioria tem mais de 12 anos, é do sexo masculino, oriundos de uma família desestruturada, cujos pais ou responsáveis foram vitimados pela violência urbana ou estão presos. Essas crianças e adolescentes são nômades, dificilmente se estabelecem em um único ponto da Capital, mas têm preferência por lugares de grande fluxo de pessoas como o Parque Sólon de Lucena, Mercado Central, Terminal Rodoviário e praia.

A diretora de Assistência Social da Sedes, Maria Aparecida Melo, explica que a dependência química é o grande atrativo para a maioria dos jovens que vivem nas ruas. “Eles vivem nas ruas pedindo dinheiro em semáforos, guardando carros e outras pequenas atividades para tentar angariar dinheiro. Infelizmente, a maior parte usa esse dinheiro para manter o vício de drogas”.

Ainda de acordo com Aparecida, a redução no número de moradores de rua em João Pessoa se deve a ostensivas políticas de acolhimento desempenhadas pela PMJP nos últimos anos.

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Jornal da Paraíba

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