VIDA URBANA
CRM constata déficit de serviços no Trauminha de Mangabeira
Após vistoria, Conselho não encontrou problemas em esgoto, mas reconhece falhas.
Publicado em 13/06/2015 às 14:30 | Atualizado em 08/02/2024 às 11:57
Após uma inspeção realizada na manhã de ontem no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio Burity (Ortotrauma), conhecido como Trauminha, em João Pessoa, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) constatou diversas irregularidades e afirmou que a unidade é um hospital deficitário. Os maiores problemas são de superlotação e longa espera por cirurgias ortopédicas devido à falta de órteses e próteses.
Inicialmente, a fiscalização tinha o objetivo de verificar as denúncias veiculadas esta semana pela mídia paraibana, e com repercussão nacional no Bom Dia Brasil da Rede Globo, acerca de imagens registradas por uma profissional que trabalha na unidade. Os registros denunciavam a existência de esgoto na sala de cirurgia, que transbordava com frequência, inclusive durante procedimentos cirúrgicos, derramamento de formaldeído (formol) no piso da farmácia, entre outras situações irregulares.
No entanto, o diretor de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Morais Pessoa, disse que a vistoria resultou na identificação de diversas inconformidades, mas não comprovou as referidas denúncias. “Essas denúncias formuladas por fotos e vídeos não se concretizam. Mas o Trauminha é um hospital deficitário, superlotado, onde os pacientes esperam muito tempo por cirurgias, e tudo isso será listado em um relatório que encaminharemos ao Ministério Público”, afirmou.
Segundo João Alberto, a unidade requer atenção especial da prefeitura para resolver problemas que podem ser solucionados com facilidade, a exemplo das cirurgias ortopédicas, que demoram mais de 30 dias para serem feitas, por conta da falta de materiais, como órteses e próteses, “que não foram fornecidas ou adquiridas. Essa é uma responsabilidade que vai além da direção do hospital e compete ao prefeito resolvê-la”, disse.
Sobre a superlotação no Ortotrauma, o diretor de fiscalização do CRM-PB ressaltou que poderia ser evitado se houvesse um suporte por parte de outros hospitais municipais, como o Santa Isabel. “No meu entendimento, o Santa Isabel está aparentemente subutilizado. Por isso, vamos analisar um pouco mais o sistema, o que requer mais tempo, e tentar solucionar a problemática do Trauminha, que serve muito à população, e que estará no relatório final a ser encaminhado ao MP”, observou.
A promotora da Saúde, Maria das Graças de Azevedo, que acompanhou o CRM-PB durante a vistoria, disse que já há procedimentos no Ministério Público sobre o problema das Órteses, Próteses e Medicamentos Especiais (OPMEs) em tramitação, mas que a promotoria irá abrir um novo procedimento para atualizar as denúncias observadas pelo conselho de medicina. “Seria muito premeditado falar algo nesse momento, mas encontramos, sim, enfermarias superlotadas, crianças, adultos e idosos misturados, mas vamos apurar com base no relatório que será enviado pelo CRM”, declarou.
Por sua vez, ao término da visita do MP, a diretora geral do hospital, Fabiana de Araújo,que acompanhou toda a visita técnica, disse estar satisfeita com a oportunidade de mostrar o trabalho de transparência desenvolvido pela equipe do hospital. “Com essa vistoria, nós pudemos provar que houve uma denúncia de má-fé. Estamos trabalhando com pacientes além do município de João Pessoa e desenvolvemos um trabalho transparente para atendermos toda a população”, afirmou.
O que diz a SMS
Procurada pela reportagem para esclarecer as questões levantadas pelo CRM e MPPB, sobre a falta de órteses e próteses no Trauminha e superlotação da unidade, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que vai implementar o fluxo e assistência ao cuidado e tem como finalidade estabelecer critérios clínicos que vão direcionar às demandas municipais ou estaduais de acordo com cada especialidade e critérios de urgência e emergência.
No caso da disponibilização de órteses e próteses, algumas situações cirúrgicas que chegam ao hospital não têm cobertura pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), o que leva a secretaria a abrir processos para contratação de empresas para aquisição dos dispositivos cirúrgicos. No caso de pacientes de outras cidades, a instituição fica no aguardo do envio dos dispositivos permanentes ou transitórios para realização das cirurgias.
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