VIDA URBANA
CRM-PB interdita um dos blocos cirúrgicos no Trauminha de JP
Salas de cirurgia estavam com buracos no teto, infiltrações, piso sem conservação, ferrugem e mofo, causando sérios riscos de contaminação durante procedimentos.
Publicado em 12/02/2019 às 18:44 | Atualizado em 13/02/2019 às 8:31
O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) fiscalizou o Complexo Hospitalar de Mangabeira Tarcísio Buritiy - Ortotrauma, conhecido como Trauminha, em João Pessoa, na manhã desta terça-feira (12), e interditou eticamente um dos dois blocos cirúrgicos existentes no hospital. Com a interdição, aproximadamente 300 cirurgias deixarão de ser realizadas por mês. Os médicos ficam impedidos de realizar procedimentos no setor , a partir desta quarta-feira (13).
A equipe de fiscalização constatou que havia graves problemas nas salas de cirurgia, como buracos no teto, infiltrações, ferrugem, mofo e até baratas, causando sérios riscos aos pacientes. Este bloco interditado possui quatro salas para cirurgias gerais. Há ainda outro bloco, com três salas, que realiza procedimentos de ortotrauma, que continuará funcionando normalmente, apesar de algumas irregularidades.
O hospital também apresenta outros problemas em sua estrutura, com infiltrações e buracos nas paredes, além de infestação de baratas na enfermaria, superlotação e demora na realização de cirurgias. Pacientes e acompanhantes ainda relataram à equipe do CRM-PB que, durante o período de internação, precisam levar lençóis, travesseiros, colchões e ventiladores.
“Sabemos da importância do hospital para a população de João Pessoa, por isso não podemos interditar toda a unidade, mas encontramos muitas irregularidades que precisam ser resolvidas de imediato. Dessa forma, cirurgias ali realizadas põem em risco de morte os enfermos. Nas outras salas de cirurgia também existem problemas, mas serão preservadas da interdição ética, pelo menos por enquanto”, afirmou o diretor de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Pessoa.
Superlotação
O dirigente ainda acrescentou que há superlotação nas enfermarias, com pacientes pelos corredores, além da presença constante de baratas, relatada e mostrada por fotografias e vídeos feitos pelos pacientes e acompanhantes. O hospital é um importante equipamento de saúde da capital e realiza 200 atendimentos ambulatoriais e 100 atendimento de urgência e emergência diariamente. São mais de 200 médicos de diversas especialidades trabalhando no complexo hospitalar que chega a realizar cerca de 600 cirurgias por mês, possuindo dois blocos cirúrgicos, um para cirurgias gerais e outro para as de ortotrauma. Será interditado apenas o bloco de cirurgias gerais.
Além do CRM-PB, participaram da fiscalização o Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB) e o Conselho Regional de Fisioterapia da Paraíba. O Ministério Público e a Vigilância Sanitária também foram convidados a participar da inspeção, mas não puderam comparecer. Após a fiscalização, o CRM-PB produziu um relatório que será entregue à direção do hospital, à Secretaria Municipal de Saúde e ao Ministério Público.
Outro lado
Durante a vistoria, a diretora do Trauminha, Fabiana Araújo, acompanhou o trabalho. Para ela, a fiscalização foi uma oportunidade para mostrar o trabalho que vem sendo desenvolvido pela unidade em atendimento a toda região Metropolitana de João Pessoa.
"Este mês de janeiro já fizemos 604 cirurgias e até hoje ultrapassamos 200 cirurgias. Realmente o número de acidentes continua sendo uma problemática. Tivemos a oportunidade de mostrar a nossa sala vermelha e nossos conselhos presenciaram a chegada de duas fraturas expostas, aquelas urgências que precisam ser feitas imediatamente, em menos de duas horas de visita", comentou Fabiana Araújo.
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