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VIDA URBANA

Cuidados podem evitar aftas e herpes labial

Aftas e herpes estão entre as lesões comuns que afetam a boca e incomodam homens e mulheres; causas e tratamentos são difentes e simples. Veja.

Publicado em 25/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:20

Já faz algum tempo, mas a técnica de enfermagem Rosemere Ferreire ainda lembra bem dos transtornos que sentiu. Ela acordou com afta, uma pequena ferida na gengiva. “Era um incômodo muito grande. Eu não podia comer nada que doia. Com alguns dias, tudo passou”, contou.

As aftas não são os únicos problemas que afetam a saúde da boca. Junto com elas, as herpes também causam feridas nos lábios e incomodam homens e mulheres. Apesar de atingirem a mesma área do corpo, as duas doenças possuem causas, tratamento e prevenção diferentes e simples.

A dermatologista Edriane Araújo, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a afta também é chamada de úlcera aftosa ou ainda Estomatite Aftosa Recorrente (EAR). É uma lesão erosiva não contagiosa, apesar de ser uma doença inflamatória crônica. A especialista acrescenta que a origem do problema ainda não foi totalmente esclarecida, mas há suspeitas de que a doença seja causada por deficiências de vitaminas e por tendência genética.

“A causa das aftas ainda não está completamente elucidada.

Provavelmente, múltiplos fatores contribuem para seu surgimento. Um terço dos pacientes com aftas referem a outros familiares com a mesma doença. Em vários estudo, a deficiência de ferro, ácido fólico, vitamina B6 e B12 são mais frequentes nos pacientes com a EAR”, afirma.

Mordidas acidentais e ferimento com alimentos pontiagudos também podem contribuir para o surgimento das lesões. No entanto, nessa lista de possíveis causas das aftas, ainda existem outros componentes. De acordo com a médica, estresse físico e psicológico, alergias a determinados tipos de alimentos, além do uso de medicamentos como anti-inflamatórios não hormonais, betabloqueadores e alendronato podem acelerar o aparecimento das feridas.

Até produtos de higiene oral e limpeza inadequada da boca são apontados como possíveis responsáveis pelas temidas úlceras.

“Flutuações hormonais do ciclo menstrual nas mulheres também são alguns dos principais fatores precipitantes”, diz Edriane.

Na maioria das pessoas, as aftas não causam danos maiores e desaparecem sem a necessidade de se tomar grandes cuidados.

MITOS E VERDADES

As aftas são causadas pela falta de descanso e de vitaminas no organismo?

Resposta: Verdade. Estresse, má alimentação e exposição solar podem contribuir para o surgimento dessas doenças.

Os idosos estão mais predispostos a desenvolver aftas, por causa da baixa imunidade causada pelo avanço da idade?

Resposta: Mito. Segundo a médica Edriane Araújo, o grupo mais vulnerável a desenvolver aftas é aquele que possuem entre 10 a 40 anos, sem predileção por sexo.

BOA ALIMENTAÇÃO IMPEDE CASOS

Apesar da maioria dos casos ser resolvida sem a intervenção médica ou de uso de remédios, em alguns casos, a afta pode indicar uma doença séria e que ainda está escondida no organismo humano. Segundo a médica, algumas doenças sistêmicas também causam úlceras orais. Nesta relação, estão Doença de Behçet, doenças inflamatórias intestinais, lupus sistêmico, enteropatia sensível ao glúten, líquen plano e pênfigo.

Por outro lado, a boa notícia é que a prevenção passa pela atenção à alimentação e a alguns cuidados. “As pessoas devem evitar traumas locais, como objetos e alimentos duros ou pontiagudos, como torradas e caranguejo. Escovas dentais com cerdas duras também não são aconselháveis”, diz Edriene.

Quem costuma sofrer com aftas deve consumir muitas frutas e ter uma dieta rica em ferro, ácido fólico e vitamina B12, encontrados em carnes vermelhas e folhas ou legumes verde-escuros.

“Além disso, é necessário mudar a dieta evitando alimentos duros, ácidos, muito salgados, apimentados, bebidas alcoólicas ou carbonadas devem ser ingeridas com parcimônia; também é ideal que se evite produtos para higiene oral com laurilsulfato de sódio”, destacou a dermatologista.

VÍRUS É O RESPONSÁVEL PELA HERPES NOS LÁBIOS

Diferente das aftas que surgem dentro da boca, as herpes aparecem nos lábios das pessoas e causam feridas sem gravidade. Por trás do problema estão vírus que ficam escondidos no organismo e só aparecem quando ocorre queda no sistema imunológico.

É o que explica o ginecologista Geraldez Tomaz, membro da Sociedade da Ginecologia e representante da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, seção Paraíba, e da Sociedade Brasileira de Ginecologia Endócrina.

“Existem dois tipos de vírus que causam herpes. O do tipo 1 causa a herpes labial, que afeta a região oral, o lábio e a boca. Já a do tipo 2 causa a herpes genital, que acomete a vulva e o períneo. Em todos os casos, aparecem bolhas, com secreções que causam muitas dores. Quem tem herpes não consegue ficar sem tratamento e não consegue manter relações, por causa do sofrimento”, afirma.

Nos dois casos, os vírus são contagiosos. A disseminação pode ocorrer por meio de contato íntimo ou com lâminas, toalhas, louças e outros artigos compartilhados por quem está infectado. Se houver contato, a herpes na boca pode contaminar os órgãos sexuais.

Os vírus do herpes oral ou genital podem ser transmitidos até mesmo quando a pessoa não apresentar lesões na pele. “Ou seja, uma pessoa que estiver com herpes genital pode contaminar o parceiro, caso receba sexo oral. O vírus fica incubado e só apresenta sintomas quando a imunidade da pessoa cair”, diz Geraldez.
O tratamento é feito à base de retrovirais. Além de comprimidos, o paciente precisa usar cremes no local afetado. “Não podemos garantir a cura totalmente, porque a doença é causada por vírus, mas ocorre uma melhoria nos sintomas”, disse.

PREVENÇÃO

Evitar contato direto com feridas de herpes. Minimize o risco de disseminação indireta lavando bem itens, como toalhas em água quente (preferencialmente, fervente) antes de reutilizá-los.

Não compartilhar itens com uma pessoa infectada, principalmente quando ela tiver lesões de herpes.

Evite desencadeadores (principalmente exposição ao sol) se tiver tendência ao herpes oral.

Evite fazer sexo oral quando estiver com lesões de herpes na boca ou perto da boca e evite receber sexo oral de alguém que tenha lesões de herpes genital ou oral. Os preservativos podem ajudar a reduzir, mas não eliminar totalmente, o risco de pegar herpes no sexo genital ou oral com uma pessoa infectada.

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Jornal da Paraíba

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