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VIDA URBANA

De Nossa Senhora das Neves aos dias de hoje

Fundada em 1585, a cidade teve quatro outros nomes, até a homenagem feita para o ex-presidente João Pessoa em 1930. 

Publicado em 05/08/2012 às 6:00

cidade onde hoje vivem 723.515 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi fundada há exatos 427 anos. Inicialmente, em homenagem à padroeira do dia, foi batizada de Nossa Senhora das Neves, denominação que se estendeu até receber o nome de Filipeia, quando Portugal caiu no domínio espanhol, em homenagem ao rei da Espanha, D. Felipe II.

Mas o nome da cidade ainda iria mudar. O que de fato aconteceu no ano de 1635, quando passou a ser chamada de Frederika.

Posteriormente veio Parahyba. Por fim, em 1930, em homenagem ao presidente (governador da época) assassinado na confeitaria Glória, no Recife, recebeu a denominação de João Pessoa, nome que se estende até os dias atuais. Mesmo com as variações de nomes, a cidade continuou como capital do Estado.

O professor José Octávio de Arruda Mello lembra que a capital paraibana foi criada para exercer funções administrativas e comerciais. A cidade nasceu sem jamais ter sido uma vila.

No início do século passado, a cidade de João Pessoa era bem diferente do que é atualmente. O cenário era outro. As ruas não tinham calçamento, faltava saneamento nos bairros e a população precisava andar quilômetros a pé ou de bonde (a cavalo) para se deslocar até outros bairros. Era uma cidade diferente, com fortes traços rurais e sem nenhuma – ou pouca – perspectiva de desenvolvimento. Por anos, o atraso predominou na capital paraibana, que não tinha policiamento nem energia elétrica. Até chegar ao cenário atual, João Pessoa passou por muitas mudanças.

Toda a movimentação da cidade se concentrava no Varadouro, onde havia pretensão de alguns poderosos de construir o porto, que terminou sendo erguido em Cabedelo. O Porto do Capim assim ficou conhecido porque era destinado a pequenas navegações, as quais traziam capim para servir aos burros do sistema de bonde, que só se tornou elétrico no ano de 1914.

Quando as bandeiras eram hasteadas, a alegria tomava conta da burguesia da cidade. Era sinal que chegava o navio, o qual trazia o queijo do reino e a seda das mulheres. O Varadouro era zona de prestígio social, sobretudo na rua das Convertidas, atual Maciel Pinheiro. As famílias que moravam em sobrados eram consideradas ricas. Era o mesmo que morar em um condomínio de luxo com vigilância, câmera de segurança e cerca elétrica. Os sobradinhos tinham dois ou três pavimentos, sendo que no térreo funcionava uma loja, geralmente de três portas, e no pavimento superior a residência da família.

O professor José Octávio de Arruda Mello contou que a Lagoa do Parque Sólon de Lucena só foi urbanizada anos depois, mais precisamente em 1935. A princípio, o local era tido como assombrado. A população jurava que da Lagoa saiam seres sobrenaturais. Isso porque, nas noites chuvosas, a falta de iluminação com lampejos fugazes dos vaga-lumes e o som emitido pelos sapos davam à via propriedade de medo. (Uma cidade de quatro séculos. Wellington Aguiar; José Octácio de Arruda Mello; página 130). Nos arredores da Lagoa haviam sítios e vacarias. A água da Lagoa era usada para lavar roupas e louças.

O trajeto pela cidade tinha de ser feito nos bondes, ou 'maxambomba', os quais faziam a linha entre o bairro de Tambaú e a estação, que fica em frente ao colégio Lourdinas, na avenida Epitácio Pessoa. O bonde a burro foi o primeiro transporte coletivo da capital, iniciando as atividades no ano de 1895. O bonde tinha capacidade para 16 pessoas.

As ruas da capital eram fétidas, segundo o historiador, e não tinham calçamento. Era comum encontrar fezes e lixo nos muros dos prédios, junto ao capim que crescia no meio da rua. O esgoto corria a céu aberto e o mau cheiro era tanto que as donas de casa tinham de manter as portas fechadas para se livrar da fedentina. Outro fato registrado no início do século passado na capital foi o surto de raiva, o que muitas vezes causava medo na população que precisava sair de casa.

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Jornal da Paraíba

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