Delegados denunciam improbidade ao MP e anunciam ação contra Eitel

Maurício Melo

Os delegados em greve na Paraíba ingressaram com duas representações de improbidade administrativa no Ministério Público. Eles denunciam a existência de policiais militares que trabalham fardados dentro de um shopping da Capital e que os delegados corregedores teriam sido convocados a trabalhar nas delegacias comuns no lugar dos grevistas. Além disso, anunciaram uma ação judicial contra o secretário de Segurança, Eitel Santiago, por conta de declarações dele dadas à imprensa.

As denúncias foram feitas por delegados que representam a Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba (Adepdel) diretamente ao promotor Valberto Lira, responsável pela Promotoria do Cidadão, na tarde desta terça-feira (13). Cláudio Lameirão, vice presidente da associação, disse que não responsabiliza ninguém pelos problemas, apenas pede que uma investigação seja aberta.

Questionado sobre para quem, ou com ordem de quem, os policiais estariam trabalhando dentro do shopping, o delegado disse não poder afirmar, mas garantiu que os "donos de mercado que não têm este tipo de proteção devem se sentir muito mal com isso". Sobre a outra denúncia, Lameirão levantou o questionamento: "Se a corregedoria está nas delegacias, quem cuida dos processos da corregedoria?"

O promotor do Cidadão pretende analisar as denúncias até o fim da semana e, segundo Valberto Lira, caso comprovadas são próprias de processo administrativo e para demissão. A reunião que aconteceu nesta terça-feira já vinha sendo tentada pelos delegados desde a semana passada. O teor das denúncias só foi revelado hoje para que as provas coletadas, vídeos e fotos, não fossem alteradas antes da formalização das representações.

Além das ações de improbidade, a Adepdel anunciou que entraram com uma ação judicial no Tribunal de Justiça da Paraíba contra o secretário Eitel. Eles querem responsabilizar o secretário por declarações dadas a um jornal em que ele "partiria para ofensas pessoais". "A nossa greve nunca foi contra ninguém, mas Eitel está levando para o lado pessoal", disse Lameirão, que afirmou ainda que o secretário teria dito que os delegados "não têm sequer qualificação doméstica".

Por telefone, o secretário de Segurança Pública do Estado, Eitel Santiago, informou à TV Cabo Branco que só vai comentar a ação quando for notificado formalmente.

Entenda o caso - Os delelgados ligados à Adepdel já estão parados há quase 40 dias. A greve é por causa da aprovação do plano de reestruturação da Polícia Militar do Estado, que concedeu aos militares os mesmos poderes para efetuar investigações, requisitar perícias, representar ao judiciário por prisões temporárias, preventivas e busca e apreensão.

Além disto, a categoria quer equiparação com remunerações dos Defensores Públicos e dos Procuradores do Estado que, com a aprovação dos PCCRs, vão passar a ganhar o dobro dos Delegados de Polícia.