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VIDA URBANA

Depressão ainda é um tabu entre os homens

A doença interfere fortemente no bem-estar e requer cuidados minuciosos.

Publicado em 16/02/2014 às 8:00 | Atualizado em 23/06/2023 às 12:25

“Um homem também chora”. O título da famosa canção do cantor e compositor Gonzaguinha retrata uma realidade muitas vezes encoberta pelas atribulações do cotidiano: a depressão masculina. Menos divulgada, porém tão significativa quanto aquela que atinge as mulheres, a doença – vista por alguns como mal do século – interfere fortemente no bem-estar e requer cuidados minuciosos.

Segundo o psicólogo Marcos Lacerda, de maneira geral, a enfermidade, cuja principal característica é uma tristeza permanente e profunda, afeta o humor e costuma apresentar três diferentes intensidades: leve, moderada e grave. “Os sintomas (físicos e mentais) vão variar, dependendo do grau e da história de vida do paciente”, afirma.

“Os mais frequentes são falta de interesse pelo trabalho, perda da libido, amargura, irritação, alterações do apetite, alterações do sono, cansaço generalizado e sem motivo, raciocínio lento, um profundo sentimento de culpa e uma percepção de si mesmo extremamente negativa”, acrescenta.

Conforme o especialista, um erro frequente é confundir uma mágoa comum com a depressão e, a partir disso, tentar realizar autodiagnósticos. “O caso é que as pessoas que não sofrem de depressão ficam tristes por um tempo, que varia de acordo com a gravidade do problema e da dor, mas depois encontram formas de dar a volta por cima e recobram a satisfação e o prazer pelas coisas”, explica.

“Na pessoa com depressão, a tristeza não passa, eterniza-se e, muitas vezes, instala-se mesmo quando não existe um motivo aparente para o sofrimento, interferindo no dia a dia e comprometendo, de forma permanente, a qualidade de vida”, continua.

Como efeitos da doença, principalmente nos homens, o psicólogo cita os vícios em bebidas alcoólicas, drogas e sexo, vistos como alternativas para camuflar a tristeza. “Quando se tem um homem sofrendo de depressão, a vida familiar, sobretudo com o cônjuge, pode se tornar infernal porque a doença faz com que estes homens frustrem e magoem as pessoas que gostam deles. Isto leva, em muitos casos, à separação”, frisa.

De acordo com ele, é imprescindível que qualquer sentimento de angústia ou abatimento persistente seja relatado a um profissional. “Além de encaminhar para um tratamento – psicoterapia e medicação –, o que a família deve fazer pelo homem deprimido é transmitir amor, aceitação e paciência.

Primeiro porque ninguém escolhe estar deprimido e, também, porque o comportamento do homem deprimido tem como causa a depressão e não uma falha de caráter”, finaliza. (Especial para o JP)

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Jornal da Paraíba

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