VIDA URBANA
Descaso na saúde de Bayeux: população sofre com falta de medicamentos
Médicos passam remédios que não têm no posto. Secretaria não quis esclarecer sobre a situação no município.
Publicado em 24/05/2015 às 16:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 18:54
“De nada adianta ter um médico no Programa Saúde da Família (PSF) para se consultar, se o medicamento para tratar a doença, receitado por ele, não é entregue no posto, nem na Secretaria de Saúde”. O relato da dona de casa Janecélia do Santos, 29 anos, reflete a difícil realidade dos moradores de Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa, que denunciam o descaso com a saúde, em especial sobre a falta de medicamentos.
Segundo Janecélia dos Santos, o atendimento nas unidades de saúde também apresenta falhas, mesmo sempre contando com os profissionais de saúde para a realização de consultas. O problema é que para ser atendido, é preciso pegar uma ficha no dia anterior, mas mesmo assim, corre o risco de perder a vez. “Ontem (segunda-feira) peguei a ficha 3 para ser atendida hoje (ontem), porque meus dois filhos, de 2 e 3 anos, estão doentes, com a virose e cansaço. Mas como estava chovendo, eu não podia sair de casa cedo, e quando cheguei no posto já tinha mais quatro pessoas na minha frente, mesmo eu estando com duas crianças pequenas”, denunciou.
“Como se não bastasse, o médico passa o remédio e quando a gente vai receber não tem. Quem ainda possui condições, compra. Quem não, fica sem os medicamentos”, completou.
Foi o caso da dona de casa Cristina Gomes, 32 anos, que está com o filho de 16 anos doente, precisando de antibiótico, mas não consegue ter acesso ao remédio. “No posto nunca tem remédio, aí a gente vai para a secretaria, mas lá também não tem. Por sorte, ainda consegui o xarope e o analgésico para aliviar as dores, mas o antibiótico não tinha e eu não tenho como comprar”, disse.
A aposentada Maria do Carmo, 62 anos, também não tem condições financeiras suficientes para arcar com os medicamentos necessários para tratar os problemas de saúde. Conforme ela contou, a solução é mendigar na Câmara de Vereadores do município. “Como nos postos ou na secretaria não entregam, peço a um e a outro. Quando preciso vou me humilhar para um vereador para conseguir o remédio para o coração. A outro eu peço o da depressão e assim vou levando”, afirmou.
“Não tem um agente de saúde que vá em minha casa saber se estou precisando de alguma coisa, nem para monitorar a situação, já que sou idosa. Se eu precisar de um médico, ou qualquer outra coisa, é preciso sair de casa me arrastando, com as pernas tremendo até chegar no posto. A saúde está um caos em Bayeux. Podemos dizer que está entregue”, acrescentou Maria do Carmo.
VEREADORES
Assim como a aposentada, muitos moradores de Bayeux buscam os vereadores da cidade na tentativa de conseguir remédios e exames. Estes, por sua vez, requerem à Secretaria Municipal de Saúde a distribuição de medicamentos, suplementos e insumos para tratamento de doenças, desde as mais simples, como viroses, até as mais complexas como para o tratamento de hemodiálise, a exemplo do Requerimento n° 243/2015, com data de 7 de maio deste ano.
O documento solicita que a secretaria entregue o suplemento para tratamento renal de 49 pacientes submetidos a hemodiálises, necessários para controlar os problemas renais e a preservação da vida, fazendo-se preciso a normalização da entrega dos medicamentos indispensáveis ao tratamento.
SECRETARIA DE SAÚDE
Procurada pelo JORNAL DA PARAÍBA para prestar esclarecimentos sobre a interrupção da distribuição dos medicamentos e quando o serviço irá normalizar, a Secretária de Saúde de Bayeux não atendeu as ligações até o fechamento da edição.
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