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VIDA URBANA

Homens se unem para debater um novo olhar em torno da masculinidade

'Roda de Homens' acontece uma vez por mês em João Pessoa.

Publicado em 31/01/2019 às 14:08 | Atualizado em 01/02/2019 às 7:31


                                        
                                            Homens se unem para debater um novo olhar em torno da masculinidade

				
					Homens se unem para debater um novo olhar em torno da masculinidade

Uma ação desenvolvida em João Pessoa tem feito homens se desconstruírem diante dos conceitos de masculinidade tradicionalmente arraigados. Realizada uma vez por mês no bairro do Castelo Branco, a 'Roda de Homens' é um espaço para troca de experiências, onde os participantes podem falar abertamente sobre assuntos como emoções, relação conjugal, sexualidade e outros pontos. É uma oportunidade que eles têm de libertar os próprios 'fantasmas'. O encontro de janeiro acontece nesta quinta-feira (31), a partir das 19h, na Casa Lua Cheia.

“Acreditamos que atualmente o homem se vê obrigado a agir de forma incessante e não tem um momento, um espaço em que possa falar com calma sobre si mesmo e ser escutado sem ser julgado”, explica o idealizador da 'Roda de Homens', o médico Eduardo Simon.

Eduardo é companheiro da criadora da Casa Lua Cheia, a também médica e parteira Lia Haikal. O espaço já promovia rodas de casais grávidos para troca de experiências, quando ele teve a ideia de fazer os encontros apenas com homens, há um ano. O médico disse que sentia falta de um espaço voltado para o homem, não necessariamente relacionado à gravidez e à paternidade, mas para se discutir a experiência de ser homem atualmente.

O objetivo central é manter um espaço de escuta e troca e as conversas acontecem em volta de uma fogueira. “Neste espaço de escuta, a desconstrução de um modelo imposto acaba acontecendo naturalmente. Trabalhamos com o que é trazido pelos participantes e vamos propondo algumas discussões e dinâmicas ao longo das reuniões”, destaca Simon.

Eduardo Simon divide a coordenação da roda com o amigo Ricardo Peixoto, que é fotógrafo e artista visual. Os encontros são gratuitos e acontecem mensalmente e não possuem um caráter de curso, são independentes. Os dias e horários são divulgados pela Casa Lua Cheia através das redes sociais.

'Que tipo de homem eu quero ser'

Nas rodas, os homens podem ir de encontro a conceitos tóxicos que estão na base do que se prega como masculinidade, como a naturalização da agressividade a 'proibição' para externar os sentimentos, a falta de divisão do trabalho em casa, entre outros.

“O maior questionamentos que a aparece é: 'que tipo de homem eu fui ensinado a ser, versus que tipo de homem eu de fato quero ser'”, diz Eduardo Simon. “Tudo aparece espontaneamente, nos relatos de vivências dos companheiros que frequentam as reuniões”, completa.

Entre relatos comuns nas rodas, participantes contas experiências negativas que tiveram, com os pais, por exemplo, e que decidiram mudar como homens por conta disso. “ É muito forte você ver que outro cara tem a mesma experiência difícil que você teve, por exemplo, de ter tido um pai que traía a mãe, e ouvir como esse cara lidou com isso, como decidiu que seria um homem fiel à companheira. Muitas histórias relacionadas à ausência do pai, seja um pai que abandonou a família, seja um pai que saía cedo pro trabalho e só chegava em casa tarde da noite, e como cada um decidiu ser um homem diferente, um pai mais presente”, conta o idealizador.

Cada encontro mensal reúne em média 10 participantes e é aberto para todo homem que tenha interesse em participar. “A cada roda saímos renovados na certeza de que somos parte de um coletivo de homens que vem tentando dar o melhor de si. A novidade agora é que aprendemos com as mulheres que não precisamos dar conta de tudo o tempo todo, que podemos sim reconhecer nossa fragilidade, angústia e incerteza, sem abdicar de nossa masculinidade”, afirma o médico Eduardo Simon.

Imagem

Jhonathan Oliveira

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