Desvio de água em adutoras do Sertão

Uma 'força-tarefa' coordenada pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) e pela Polícia Militar (PM) identificou 34 desvios de água na rede de distribuição de duas adutoras no Sertão do Estado. A fraude desviava cerca de 30% da vazão da água tratada que deveria ser distribuída para Patos e outras onze cidades da região, afetando o abastecimento de uma área com cerca de 150 mil habitantes. A estimativa da Cagepa é de que 135 metros cúbicos de água são desviados por hora só na adutora Coremas-Sabugi.

O flagrante aconteceu durante a operação 'Onça D'água', que está sendo realizada durante todo o percurso da rede de distribuição das adutoras Coremas-Sabugi e Patos-Assunção.

De acordo com a Cagepa, a operação foi deflagrada depois que os moradores das áreas urbanas de várias cidades do Vale do Sabugi começaram a reclamar da falta de água, mesmo com as adutoras funcionando.

“O maior prejuízo é em termos de abastecimento. Temos uma perda de 30% da vazão da água que seria distribuída para a população se não houvesse a ação dos vândalos. O impacto maior é na região de Patos e em onze municípios no percurso da adutora”, informou Marciel Damasceno, gerente regional da Cagepa Espinharas. A vazão total da adutora Coremas-Sabugi é de 450 metros cúbicos por hora.

O abastecimento chegou a ser interrompido na semana passada em cinco cidades da região por causa dos desvios. São José de Espinharas, Quixaba, Cacimba de Areia, Passagem e São José do Sabugi ficaram sem água durante dois dias para os reparos de manutenção na adutora Coremas-Sabugi, realizados durante a operação. Já Patos, Santa Luzia, São Mamede e Várzea sofreram interrupções parciais no abastecimento. As cidades de Areia de Baraúnas, São José do Bonfim e Teixeira também estão na lista das cidades afetadas pelos desvios na área do Vale do Sabugi.

Só no último final de semana, onze desvios regulares foram identificados. Um dos flagrantes aconteceu numa propriedade rural localizada às margens da BR-230, em São Mamede. A tubulação da adutora foi danificada e a vazão do desvio foi tão grande que desviou um riacho até uma barragem particular. “Aqui tem um reservatório bastante grande que está até sagrando com essa água desviada da adutora do Sabugi”, informou o Sargento Paulo Silva, da Patrulha Rural do 3° Batalhão da PM, em Patos.

O acusado teria quebrado o cano da adutora para abastecer um açude e também regar capim, dificultando a passagem de água para as cidades de Santa Luzia, Várzea e São José do Sabugi.

Depois que a Patrulha Rural com a Operação Onça D’água começou a auxiliar a Cagepa, a cidade de Teixeira começou a ser abastecida em locais onde antes não havia água nas torneiras.

A perícia foi chamada até o local e confirmou a irregularidade e, segundo a Cagepa, o proprietário será processado judicialmente por furto. O caso foi encaminhado para o delegado Rônis Fernandes, da Polícia Civil de São Mamede, que ficará à frente das investigações. O acusado não teve o nome divulgado, mas, segundo a Cagepa, esta é a terceira vez que o mesmo proprietário foi flagrado desviando água. Os responsáveis pelos outros desvios ainda estão sendo identificados, mas os casos só serão encaminhados à justiça em caso de reincidência.