Diabetes mata 4 pessoas por dia

A Paraíba teve no ano passado uma média diária de quatro mortes provocadas por diabetes. Foram 1.422 casos, segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O número, no entanto, é menor que os 1.912 óbitos ocorridos em 2011. Apesar disso, as estatísticas revelam que o total de vítimas está aumentando no Estado. Em 14 anos, a mortalidade cresceu 289,5%, saindo de 365 registros anuais em 1999 para 1.422 em 2012. Maus hábitos alimentares e ausência de exercícios físicos são as principais causas dessa situação.

De acordo com o SIM, de 1999 a 2012, a diabetes já matou 15.973 pessoas na Paraíba. As principais vítimas foram as que tinham mais de 50 anos de idade. Só nessa faixa etária, houve 14.915 óbitos, o que representa 93,38% do total de casos. Na lista das dez cidades que mais apresentaram as mortes nos últimos 14 anos estão João Pessoa (2.757), Campina Grande (2.308), Bayeux (405), Cabedelo (212), Cajazeiras (191), Esperança (161), Queimadas (152), Pedras de Fogo (132), Lagoa Seca (112) e Cuité (100).

Para a endocrinologista Flávia Mesquita de Carvalho, membro da Associação Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, regional Paraíba, essa mortalidade poderia ter sido evitada, se houvesse um cuidado maior com a doença.

“Apesar de ser crônica e não ter cura, a diabetes não significa um decreto de morte. É perfeitamente possível conviver com ela. Há pacientes que vivem há mais de 50 anos com a doença. Para isso, é preciso seguir, fielmente, com o trabalho, que inclui dieta alimentar, prática de exercícios físicos e uso de medicamentos”, afirma.

Segundo a médica, que possui 10 anos de experiência no tratamento de diabetes, a principal resistência da doença é a falta de conscientização dos próprios portadores da doença. “Há pacientes que tomam a medicação da forma correta, mas descuidam da alimentação e passam a ingerir alimentos extremamente prejudiciais à saúde. Isso não pode. O tratamento tem de ser completo”, diz.

Considerada por especialistas como uma patologia silenciosa, a diabetes é apontada pelo Ministério da Saúde como uma das cinco doenças que mais matam no Brasil. Ela é causada pela taxa de glicose (açúcar) elevada no organismo. Com o tempo, essa anormalidade vai provocando danos ao organismo, no entanto, sem apresentar sintomas. Os primeiros sinais visíveis da doença só surgem quando o estágio está avançado.

Por causa disso, as pessoas precisam fazer exames regulares, para detectar precocemente qualquer alteração nas taxas de açúcar. “Esse exame é rápido e simples. Precisa apenas de uma amostra de sangue. Deve ser feito por pessoas que passem dos 45 anos”, destaca a médica Flávia Mesquita “No entanto, as pessoas que tiverem fatores de risco, como hipertensão, obesidade, sedentarismo e casos de diabetes na família precisam fazer esse exame mais cedo: a partir dos 20 anos”, completa a endocrinologista.

Na Paraíba, o tratamento contra a diabetes está disponível pela rede pública. Para isso, o paciente precisa apenas procurar uma unidade do Programa de Saúde da Família (PSF), como explica a gerente executiva de Vigilância em Saúde da SES, Talita Tavares. “Os medicamentos são fornecidos gratuitamente aos pacientes, através do Programa Diabetes/Hiperdia. Além disso, o Estado repassa aos municípios as insulinas, que também são usadas no tratamento e são entregues aos pacientes sem custo algum”, ressalta.

“Também realizamos ações para incentivar a adoção de hábitos saudáveis, para evitar o surgimento de fatores de risco da diabetes, como hipertensão e obesidade. São ações feitas em parceria com os governos federal e municipais”, salienta.

Para não se tornar uma vítima da diabetes, o policial militar reformado Edson Cruz realiza atividade física diariamente e seleciona os alimentos que põe à mesa. “Desde que estava na ativa, sempre cuidei de minha saúde. Não bebo, não fumo e não exagero em comida gordurosa. Graças a Deus, tenho 61 anos e não sofro de nenhuma doença”, comemora.

Sintomas de diabetes

Sensação de sede em demasia
Fome excessiva
Perda involuntária de peso
Fadiga
Fraqueza
Infecções regulares
Aumento do volume urinário
Fonte: Ministério da Saúde