VIDA URBANA
Dieese: maioria das paraibanas trabalha como doméstica
Neste Dia da Mulher, paraibanas comemoram conquistas profissionais. Porém, maioria ainda trabalha como empregada doméstica e ganha menos que os homens.
Publicado em 08/03/2011 às 17:11
De Marina Magalhães (especial para o JP)
As mulheres estão estudando mais, trabalhando mais, destacando-se cada vez mais na carreira profissional. Entretanto, um detalhe financeiro continua a quebrar essa linha de evolução feminina: elas continuam ganhando menos que os homens. Quem constata essa inferioridade salarial é o Relatório de Análise da Mulher no Mercado de Trabalho Paraibano, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O estudo mostra que quase metade (48,28%) das 657 mil paraibanas economicamente ativas recebem menos de um salário mínimo, enquanto somente 3,35% conseguem alcançar uma remuneração cinco vezes superior.
Os baixos salários e a disparidade no reconhecimento profissional ainda estariam ligados a antigos preconceitos, na opinião da psicóloga Pollyanna Medeiros. “Apesar de toda pressão por mudanças de conceitos e paradigmas, os salários das mulheres não se encontram no mesmo patamar que os dos homens. Muitos gestores preservam um pensamento rígido, não conseguiram entender nem dar o devido valor às competências inerentes à mulher”, avalia.
Para o supervisor técnico do Dieese Renato Silva de Assis, a falta de capacitação profissional não seria a justificativa para os baixos salários pagos às mulheres. “Fazendo uma análise da faixa de nove anos ou mais de estudo, observa-se que 51,5% das paraibanas ocupadas se concentram neste intervalo, enquanto a proporção de homens é de apenas 32%. Diante disso, verifica-se que as paraibanas estão buscando se capacitar mais do que os homens”, acredita.
Essa baixa média salarial também pode ser atribuída ao posicionamento das paraibanas no mercado de trabalho. A maior parte delas, 20,4%, trabalha como empregada doméstica, sendo 3,1% com carteira assinada e 17,3% sem carteira assinada. Em segundo lugar, com 17,55%, estão as mulheres que trabalham na produção para o próprio consumo ou as trabalhadoras não remuneradas, seguidas pelas funcionárias públicas estatutárias (15,4%), empregadas sem carteira de trabalho assinada (14,9%), autônomas (14,8%), empregadas com carteira de trabalho assinada (14,63%) e empregadoras (2,24%).
“Existe uma tendência das mulheres se situarem em faixas de rendimentos inferiores ao mínimo devido ao fato de muitas delas ainda estarem exercendo atividades informais e terem jornadas de trabalho relativamente reduzidas”, entende Renato de Assis.
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