VIDA URBANA
Doença de Chagas causa morte de 149 pessoas na Paraíba em 5 anos
Médico alerta para transmissão pela picada do mosquito barbeiro ou via alimentos.
Publicado em 27/01/2019 às 15:36 | Atualizado em 28/01/2019 às 12:40
A doença de Chagas é conhecida por causar problemas cardíacos graves, que provocam a morte de aproximadamente 50 mil pessoas por ano no mundo. Na Paraíba a realidade não é diferente. Dados da Secretaria de Saúde do Estado mostram que, de 2014 até 2018, 149 pessoas morreram vítimas de complicações surgidas com a doença. Recentemente o Ministério da Saúde fez um alerta para os riscos de transmissão da doença por meio de alimentos contaminados.
O médico intensivista e pós-graduado em cardiologia clínica e ecocardiografia do Hapvida em Campina Grande, Eriegly Santos, lembra que a higienização dos alimentos antes do consumo diminui os riscos de transmissão da doença.
“O que normalmente aprendemos na escola é que a doença de Chagas é transmitida pelas fezes do mosquito barbeiro - quando ele pica, costuma também eliminar o protozoário pelas fezes e ao coçarmos o local acabamos nos infectando. No entanto, hoje dados do Ministério da saúde mostram que 72% das infecções pelo Trypanosoma cruzi não ocorrem mais dessa forma e sim por via alimentar. Os alimentos entram em contato com as fezes ou urina do inseto barbeiro e a transmissão via oral ocorre quando há ingestão de alimentos frescos como palmitos, sucos de açaí e caldo de cana contaminados", explicou o especialista.
Transmissão
Esse tipo de transmissão é muito mais comum na região Norte do Brasil: 91% dos casos ocorreram lá e tem seu pico entre agosto e novembro, período de safra do açaí. Mas o Nordeste não está livre. As altas temperaturas impulsionam o consumo de produtos como açaí e caldos de cana, o que eleva o risco de contaminação.
“Na transmissão oral temos a contaminação do alimento por múltiplos barbeiros, diferentemente da transmissão direta que é decorrente do contato com um único inseto”, observa Eriegly.
Normalmente os sintomas aparecem entre 3 e 22 dias após o consumo do alimento contaminado e podem englobar: Febre prolongada, dor de cabeça, palidez, dor do corpo, manchas vermelhas e inchaços.
"Casos de acometimento cardíaco e do cérebro são muito raros nessa fase. Mas, para que a doença não evolua, é importante buscar ajuda médica o mais cedo possível”, alertou o cardiologista.
Prevenção
Existem algumas medidas que podem prevenir a contaminação por doença de Chagas em alimentos naturais:
1 - Compre alimentos como açaí e palmito de fornecedores registrados e que cumpram as condições sanitárias necessárias;
2 - Evite consumo de frutas em estado cru nos locais de maior ocorrência de surtos da doença (estados do Pará, Amapá e Acre);
3 - Opte por esses alimentos pasteurizados ou liofilizados. Não se sabe ao certo por quanto tempo o parasita fica viável em preparações líquidas congeladas
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