VIDA URBANA
Edifício sob risco de desabamento apresenta rachaduras e assusta moradores
Defesa Civil já condenou o prédio 'Terraço', que tem 8 apartamentos, mas alguns moradores continuam no local por não terem para onde ir
Publicado em 24/05/2015 às 12:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 18:54
“À noite, quando tudo fica em silêncio, a gente escura uns estalos, são as fissuras se abrindo. Tem hora que a gente se desespera. Eu moro com minha sobrinha e filha, não tenho mais dinheiro, não tenho para onde ir. Gastei tudo que tinha, investi em algo que achei que me daria segurança, minha casa própria, agora estamos aqui, correndo risco de vida e ninguém consegue resolver isso.”
O desabafo, carregado de medo e falta de esperança, é da dona de casa Mércia Maria Torres, 39 anos, uma das moradoras do Edifício Terraço, localizado no bairro do Catolé, em Campina Grande, que teve a estrutura condenada pela Defesa Civil. Dos oito apartamentos do prédio, três continuam ocupados por famílias na mesma situação de dona Mércia, que por impossibilidade de se mudar do local, continuam à espera de alguma solução.
“Minha mudança está toda encaixada, porque tendo pra onde ir, eu saio daqui o mais rápido possível. Mas não tenho condições de pagar um aluguel e a parcela do apartamento. Até os outros moradores que já saíram, pensam em voltar, porque a situação é difícil. Mas aqui, eu digo, fica pior a cada dia”, comentou a moradora.
Entretanto, o coordenador da Defesa Civil de Campina Grande, Ruiter Sansão, alerta que essa medida não é recomendada, pois a edificação corre risco de desabamento, podendo até atingir as casas vizinhas. “Já notificamos a construtora, os moradores, pois o perigo é visível. Em algumas rachaduras, foi colocado isopor para preencher o espaço”, relatou Ruiter. Há cerca de 15 dias foi emitida a notificação para que os moradores saíssem do local em 48 horas.
Em contato com o escritório de advocacia responsável pelas ações judiciais em favor dos moradores do Edifício Terraço, o SBC advocacia, fomos informados que as ações correm na 8ª e 9ª Vara Cível de Campina Grande e que a justiça já determinou que a construtora arque com os aluguéis e despesas com mudança dos moradores, mas que nem mesmo os oficiais de justiça conseguem encontrar os responsáveis.
O Edifício Terraço foi construído há menos de dois anos pela empresa Terraço Construções e todos os apartamentos foram financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de 98 mil. Contudo, segundo os moradores, a Caixa afirmou que foi lesada pela construtora da mesma forma que os compradores, e por isso não suspendeu as parcelas devidas pelo financiamento.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com a empresa, mas não conseguiu contato. Já a assessoria de imprensa da CEF informou que atua apenas como agente financeiro, não sendo responsável pela avaliação da estrutura do imóvel.
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