VIDA URBANA
Efeitos da estiagem atingem área litorânea
Aumento da temperatura vem baixando o nível de reservatórios e lagoas na capital; vegetação seca aumenta a ocorrência de focos de incêndio.
Publicado em 27/02/2013 às 6:00
A seca que há algum tempo atinge o Sertão paraibano, já pode ser vista também no Litoral. Uma das Três Lagoas, logo na entrada de João Pessoa, está quase seca, assim como um reservatório de água localizado ao lado. Eles são exemplos do quanto a falta de chuvas traz prejuízos para os pessoenses que sofrem com o aumento da temperatura. A Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa) sinaliza que o período chuvoso no Litoral ocorre no mês de abril.
Em decorrência dos longos dias de sol, a vegetação tende a ficar mais seca e passiva de combustão, o que é possível verificar frequentemente em diversos pontos da cidade ocorrência de focos de incêndio.
O secretário municipal de Infraestrutura, Ronaldo Guerra, afirmou que o volume de água das Três Lagoas, assim como do reservatório ao lado, não foi reduzido pela prefeitura para uma possível manutenção, mas sim por conta da estiagem.
Segundo a meteorologista da Aesa, Carmem Becker, embora o período chuvoso no Litoral seja típico de ocorrer no mês de abril, um fenômeno da convergência intertropical pode ocasionar chuvas cada vez mais frequentes, já que há a formação de nuvens que circulam na Terra e que se aproximam de toda a Região Nordeste. “Mesmo com a evidência de chuvas fracas, as de moderadas a fortes podem ocorrer, principalmente no Litoral”, disse.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Francisco Noé Estrela, o órgão possui o papel atuante em situações de calamidades, relacionadas ao excesso de chuvas ou de seca. “A partir do momento em que a seca passar a prejudicar a população, nós iremos atuar. Como em João Pessoa há ocorrência de pequenas chuvas, não corrobora para a manutenção ou aumento do nível dos reservatórios, a exemplo de uma das Três Lagoas. No entanto, contribuem para amenizar a temperatura, aliviando os prejuízos causados pelo calor à população. Assim, a Defesa Civil não tem como atuar”, afirmou.
Noé Estrela acrescentou que “não que a Defesa Civil não possa trabalhar para a população”, mas também não corresponde as competências do órgão. “Entretanto, se formos acionados, daremos o suporte e entraremos em contato com o Corpo de Bombeiros para que a situação seja solucionada”, disse.
Segundo geógrafo e titular da Direção de Estudos e Pesquisas Ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), Euzivan Lemos Alves, a partir do mês de setembro, com a chegada do verão, as chuvas diminuem até o mês de fevereiro, onde há uma redução significativa das chuvas. “Em virtude disso, os espelhos d'água diminuem o volume. Além de que no verão a evaporação é ainda maior. Nesse período também há a diminuição do lençol freático, que contribui para a redução da água infiltrada, como as lagoas. As chuvas ocorridas recentemente na capital não foram suficientes para que esses reservatórios voltassem ao volume normal”, explicou.
Ainda conforme Euzivan Lemos, além de ocorrer o aumento das temperaturas no verão, há a diminuição da umidade relativa do ar e a mortalidade de herbáceos (plantas que têm uma consistência mole e tenra e não apresentam parte alguma lenhosa) e arbustivos (planta perene, de caule lenhoso, menor que uma árvore). “Essas espécies perdem folhas e galhos secos, que são de fácil combustão, sejam de forma natural ou ocasionado pela população, que é comum. Por isso a frequência de focos de incêndios na cidade”, concluiu.
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