VIDA URBANA
Em 2010, Paraíba teve 197 casos registrados de pistolagem
No ano passado, a Paraíba registrou 197 ocorrências de pistolagem contra trabalhadores rurais, conforme o livro ‘Conflitos no Campo – Brasil 2010’.
Publicado em 10/06/2011 às 12:30
Do Jornal da Paraíba
No ano passado, a Paraíba registrou 197 ocorrências de pistolagem contra trabalhadores rurais, conforme o livro ‘Conflitos no Campo – Brasil 2010’, lançado na quinta-feira (9), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Paraíba (OAB-PB), em João Pessoa.
Segundo a CPT, os casos de pistolagem acontecem quando a violência é imposta às famílias de trabalhadores rurais como meio de tirá-las de determinadas áreas em disputa. Ainda de acordo com o relatório, existem dois trabalhadores ameaçados de morte no município de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano. O secretário de Segurança Pública do Estado, Cláudio Coelho de Lima, evitou comentar essas informações, alegando desconhecer tal levantamento.
Em termos regionais verificou-se que a região Nordeste deteve o maior número de conflitos, com 43,7% (279) deles, seguida da região Norte com 36,7% (234). As demais regiões concentraram 9,6% (61) no Sudeste, 5,8% (37) no Centro-Oeste e 4,2% (27) no Sul. Porém, quando se adota o critério da região da Amazônia Legal, que é região da ação de regularização da grilagem das terras públicas do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), através do Programa Terra Legal, a contra-reforma agrária do segundo mandato de Luiz Inácio, o percentual de concentração eleva-se para 65%, sendo que três estados dessa região Maranhão, Pará e Tocantins - concentram 46,2%.
No lançamento do livro participaram o deputado estadual Frei Anastácio, o coordenador da CPT, Hermínio Canova, o conselheiro da CPT, Dom Tomás Balduino, além de várias organizações do campo das áreas de conflitos do Estado. O objetivo do livro ‘Conflitos no Campo – Brasil 2010’ é documentar e analisar os conflitos que acontecem em diferentes contextos sociais no âmbito rural, envolvendo a luta pela terra, água e pelos direitos de trabalho e produção. Segundo o levantamento, na Paraíba, 60 famílias foram expulsas de propriedades rurais, além de 63 casas e 20 roçados distruídos. Também foram registradas 17 ocorrências de violência contra pessoas e um assassinato.
O posseiro Jorge Aleixo da Cunha morreu no ano passado vítima dos conflitos por terra do município de Barra de São Miguel, localizado no Cariri paraibano. O levantamento revela ainda que, nesta cidade, duas pessoas estão ameaçadas de morte por estarem envolvidas com disputas por terra.
A Paraíba apresentou oito conflitos por terra, cinco ocupações e três acampamentos, totalizando 16 disputas. A maior parte delas aconteceu no município de Barra de São Miguel. Neste, foram catalogadas seis disputas, envolvendo 35 posseiros e 60 sem terra. Logo em seguida vieram as cidades de Aparecida (Sertão), Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa) e Uiraúna (Sertão), que registraram dois confrontos por terra cada.
O deputado estadual Frei Anastácio ressaltou que o relatório permite que a sociedade fique ciente dos inúmeros conflitos que acontecem no campo, não só no âmbito estadual, mas também no nacional. “A coleta dos dados é feita com muita credibilidade. Os números que foram apresentados no livro levam a sociedade a tomar consciência das ocorrências agrárias no Brasil”, declarou.
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