VIDA URBANA
Empréstimo pode comprometer 35% da renda
Para economista, ampliação do crédito é sinal de que a intenção do governo é tirar as pessoas do endividamento.
Publicado em 14/07/2015 às 6:00
O governo federal aumentou o limite do crédito consignado em folha de 30% para 35% através da Medida Provisória 681. De acordo com o texto, que está em vigor, 5% serão reservados exclusivamente para a amortização de despesas contraídas com cartão de crédito.
A presidente Dilma Rousseff já havia vetado, em maio, uma proposta que ampliava o limite do consignado de 30% para 40% da renda, por entender que o alto comprometimento da renda poderia elevar o endividamento e a inadimplência da população. Os dados mais recentes do Banco Central, referentes ao mês de abril, apontam que 46,3% da renda das famílias estava comprometida com dívidas naquele período.
Para o economista Cláudio Rocha, a ampliação do crédito, e a observação que diz respeito ao pagamento de cartões de crédito, são sinais claros de que a intenção do governo é tirar as pessoas do endividamento. “Acredito que a intenção é ajudar as pessoas a sair dessa 'ciranda dos cartões'”, disse. Segundo ele, embora o consignado também seja uma forma de endividamento, essa modalidade de crédito costuma ter juros bem mais baixos do que os cartões de crédito.
Para Cláudio Rocha, a concessão maior de crédito consignado pode ser benéfica se o dinheiro for utilizado para pagar dívidas ou amortizar financiamentos. “O problema é que a maioria das pessoas faz empréstimos para adquirir bens de consumo, muitas vezes influenciados pela própria família. E aí se endividam para comprar um celular novo, um som. Isso não é recomendado”, explicou. Ele destacou que antes de contrair o empréstimo é importante pensar que ao comprometer 35% da renda, a pessoa passará a contar com apenas 65% do salário para viver.
O presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), José Lopes Neto, acredita que o crédito é positivo se usado de forma lúcida. “É hora de o consumidor se planejar antes de ir às compras. O comércio quer e precisa vender, mas também não queremos que a dívida do consumidor vire uma bola de neve”, afirmou.
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