VIDA URBANA
Entidades protestam em frente ao Sistema Correio
Organização informou que o ato público foi realizado em virtude das declarações do radialista Fabiano Gomes durante programa.
Publicado em 12/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 16:20
Representantes de movimentos feministas e sociais realizaram na manhã de ontem protestos em frente ao prédio do Sistema Correio de Comunicação, nas unidades da empresa em João Pessoa e Campina Grande.
Com cartazes e gritando palavras de ordem, os manifestantes defendiam os direitos das mulheres e pediam a saída do apresentador e radialista Fabiano Gomes, que comanda um programa de rádio na emissora. De acordo com os organizadores da manifestação, o ato público foi realizado em virtude das declarações ditas por Fabiano Gomes durante a apresentação do programa Correio Debate, veiculado nos últimos dias 4 e 5 deste mês.
Durante o programa de rádio, ao citar o caso de uma adolescente que teve fotos íntimas divulgadas em redes sociais, o apresentador disse palavras de baixo calão e termos que incitam a violência sexual e de gênero.
Para os representantes das entidades de defesa dos direitos da mulher, a atitude do radialista foi considerada preconceituosa e extremamente machista. “Queremos chamar atenção de como a mídia trata a violência contra a mulher e que muitos programas desse Sistema banalizam essa questão. Esperamos que o Sistema Correio reveja isso, porque a violência contra a mulher é problema da polícia sim e não o contrário, como foi dito pelo radialista”, disse a integrante do Movimento Feminista, Terlúcia Silva.
A mobilização, na sede da empresa em João Pessoa, na Avenida Pedro I, contou ainda com participantes do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT), estudantes universitários, representantes da Secretaria Estadual da Mulher e Diversidade Humana e Coletivo Feminista (Cunhã).
Na luta há mais de 20 anos pela igualdade de direitos das mulheres, Luciana Cândido, integrante do Cunhã, informou que o caso envolvendo o apresentador do Sistema Correio será levado ao Ministério Público Estadual e Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão Internacional de Direitos Humanos.
“Estamos em um momento com muitas conquistas para as mulheres. Esse posicionamento do apresentador, que se diz formador de opinião, veio em desencontro a isso, banalizando a violência.
Esse ato de hoje (ontem) é para a sociedade exigir uma mídia séria e com profissionais éticos. Por isso, vamos levar o caso à Promotoria da Mulher e as organizações de Direitos Humanos”, explicou Luciana Cândido.
CG: ATO FAZ EMISSORA FECHAR AS PORTAS
Em Campina Grande, o protesto reuniu estudantes universitários e representantes dos movimentos sociais em frente à sucursal do Sistema Correio, na Avenida Janúncio Ferreira, no bairro do Alto Branco. Como resposta à mobilização, a emissora fechou as portas do prédio para impedir o acesso dos manifestantes, que usaram um carro de som para reclamar da postura do radialista Fabiano Gomes e cobrar a retratação da emissora.
A manifestação começou por volta do meio-dia e durou mais de uma hora. O radialista foi acusado de machismo por promover o preconceito contra as mulheres. “Esse tipo de declaração machista expõe ainda mais a vítima, incita o preconceito e a violência contra mulher ao defender que a polícia não deveria se preocupar com ocorrências como a da adolescente de Pombal. Depois de tanta luta do movimento feminista para defender os nossos direitos, ainda enfrentamos posturas como essa que representam um retrocesso”, reclamou Franciele Santos, de 26 anos, do Centrac.
As entidades pretendem acionar o Ministério Público para cobrar providências. “O radialista violou os direitos da criança e do adolescente ao constranger publicamente uma adolescente, menor de idade. Não se deve recriminar a criança e adolescente que é vítima de abuso, mas sim orientar. Esse deveria ser o papel da mídia. Vamos reunir as entidades para acionar o Ministério Público”, adiantou a assistente social Suzana Tavares, da Rede de Atendimento à Criança e ao Adolescente.
O proprietário do Sistema Correio, Roberto Cavalcanti, também foi alvo da mobilização. “O Sistema Correio referendou as declarações à medida que o dono da emissora, Roberto Cavalcanti, veio a publico dizer que era responsabilidade dele tudo o que é dito por seus funcionários, mas mesmo assim não se posicionou de forma contrária ao que foi dito. O que queremos não é apenas uma retratação, mas discutir os efeitos da forma como a mulher é retratada por essa mídia machista”, explicou a professora Jussara Costa, do grupo de pesquisa Flor e Flor, da UEPB.
ENTIDADES
Participaram do protestos representantes do Fórum do Movimento feminista da Paraíba, da Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba, Grupo de estudos de Gênero “Flor e Flor” da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), do Centro de Ação Cultural (Centrac), do Grupo de Apoio à Vida (GAV), da Rede de Atendimento da Criança e do Adolescente de Campina Grande, além do movimento “Marcha das Vadias” e ativistas contra a homofobia.
Comentários