VIDA URBANA
Escolas são alvo de investigação
Escolas estão servindo de estacionamento e moradia; Promotoria da Educação está apurando o caso e cobra explicações
Publicado em 23/05/2012 às 6:30
Três escolas estaduais em João Pessoa estão sendo investigadas pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por terem suas instalações físicas usadas indevidamente. Em um colégio, o pátio interno estaria sendo usado por clientes de uma casa de shows como estacionamento. Já nas outras duas unidades, a denúncia é que os locais servem de moradia para pessoas que atuam como 'caseiros'. As Promotorias da Educação e Patrimônio Público estão apurando o caso e já cobraram explicações à Secretaria de Estado da Educação, que tem prazo de 20 dias para se manifestar sobre o assunto.
As unidades de ensino investigadas são Nicodemos Neves, localizada no Funcionários I; Maria do Carmo Miranda, em Jaguaribe; e Adélia Franca, no Valentina Figueiredo. Segundo o MPPB, as instalações do Nicodemos Neves e da Maria do Carmo vêm sendo ocupadas por famílias carentes, há pelo menos, cinco anos. A denúncia foi confirmada pela direção dos dois colégios.
A vice-diretora da Escola Nicodemos Neves, Maria de Fátima Duarte Lima, admitiu que uma família vive nas instalações do colégio, mas negou que os abrigados sejam funcionários da escola. “O pai dessa família trabalhou aqui, como caseiro, durante 12 anos. Ele se aposentou, se separou da esposa e foi embora. Mas a mulher ficou aqui com os filhos. Ela disse que não tem para onde ir. Já comunicamos isso ao Ministério Público e esperamos as providências”, explicou a vice-diretora.
Na Escola Maria do Carmo, a situação é parecida. De acordo com a diretora da unidade, Maria Airan Cézar, uma ex-caseira vive há pelo menos 20 anos, em uma casa de dois cômodos, construída no terreno do colégio. “Ela veio morar aqui com a permissão da diretora da época. Mas, constantemente, temos problemas com ela, inclusive, já a denunciei na delegacia por me agredir com palavras”, declarou a diretora.
Já a ex-caseira da escola, Salete Araújo, de 73 anos, explica que trabalhou durante dez anos na escola e permaneceu no local, mesmo após a aposentadoria, devido a dificuldades financeiras.
“Aqui, eu não pago aluguel. Vivo aqui com uma filha, dois netos e um bisneto que dependem da minha renda. Queria sair, mas não tenho para onde ir”, lamenta.
Já na Escola Adélia Franca, a denúncia é um pouco mais grave.
O MPPB apura a informação de que o pátio da instituição é usado para estacionar veículos de frequentadores de shows, realizados em uma casa de espetáculos, localizada perto do colégio.
As denúncias, que foram formalizadas por moradores da área, afirmam que as vagas seriam comercializadas ao preço de R$ 10 para carros e de R$ 5 para motos. No entanto, o professor de Educação Física, Humberto Martins, nega a prática. Ele era o diretor da escola, em 2009, quando as denúncias foram feitas, de forma anônima, ao MPPB. “Isso nunca aconteceu aqui e já fui ao MPPB e à 1ª Gerência de Ensino dar explicações. Quando ocorrem shows, no parque de exposição, os carros ficam sim estacionados na frente da escola, mas nunca houve cobrança por isso”, declarou.
(Colaborou Nathielle Ferreira)
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