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VIDA URBANA

Escorpiões picam cinco por dia na capital

Entre janeiro a agosto deste ano, 1.280 socorros foram feitos na unidade, que funciona no Hospital Universitário Lauro Wanderley.

Publicado em 03/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:47

Em média, cinco pessoas procuram todos os dias o Centro de Atendimento Toxicológico (Ceatox) após sofrerem picadas de escorpião. Só entre janeiro a agosto deste ano, 1.280 socorros foram feitos na unidade, que funciona no Hospital Universitário Lauro Wanderley, no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O número corresponde a 64,7% dos 1.976 registros feitos no ano passado.

Com o fim do período chuvoso, o risco de acidentes aumenta e a população precisa adotar cuidados. É que o alerta o farmacêutico e coordenador adjunto do Ceatox, Luiz Carlos Rocha. Ele explica que o escorpião se alimenta de insetos e, principalmente, de baratas. Por causa disso, vive em ambientes sujos, caçando alimento.

“Eles vão aonde as baratas estão. Por isso, as pessoas devem limpar as caixas de gordura regularmente para evitar o acúmulo de insetos que vão atrair o escorpião. Deve-se limpar quintais, eliminar qualquer resíduo de construção civil, de pedaços de madeira, de escombros, porque ficam escondidos em lugares assim”, conta o especialista.

No Brasil, existem cerca de 100 espécies de escorpiões. No entanto, apenas quatro são consideradas perigosas. Entre elas, está o Tityus stigmurus, que vive no Nordeste e é o responsável pelos acidentes registrados no Ceatox. Ele é da cor amarelada e pode medir 7 centímetros de comprimento. Apesar de subir em paredes, costuma mais andar sozinho sobre o solo e possui hábito noturno.

O animal possui veneno que causa problemas clínicos que vão desde dores intensas no local da picada até paradas cardíacas. Sem tratamento, a vítima pode morrer. Crianças menores de sete anos e idosos são os que mais correm risco de apresentar complicações após ataque do escorpião. “O veneno é extremamente perigoso para este grupo de pessoas, devido à baixa imunidade do organismo delas. Se ocorrer algum caso envolvendo criança ou idoso, é preciso levar a pessoa imediatamente ao Ceatox, para iniciar o tratamento adequado”, diz Rocha.

Classificação
Existem três tipos de classificação para os efeitos da picada do escorpião. Em quadros leves, a vítima pode sentir dores intensas no local do ferimento, sensação de frio, calor e formigamento por até 48 horas. Nesta situação, a recomendação é que se faça compressas sobre o lugar atingido e tome analgésicos para se aliviar a dor. Com exceção de idosos e crianças, não há necessidade de tomar outro tipo de remédio.

Já nas situações moderadas, a pessoa sente náuseas, vômitos, sudoreses, salivação, agitação e até aumento do ritmo respiratório e cardíaco. No caso grave, ainda surgem prostração, convulsão, coma, redução da frequência cardíaca, insuficiência cardíaca, acúmulo de líquido no pulmão e choque.

Nessas duas situações, é preciso levar o paciente até o Ceatox, para tomar um soro que combate o veneno do escorpião. Este medicamento não está disponível em farmácias.

Mortes
Na Paraíba, não há registro de mortes causadas por picadas de escorpião. No entanto, pelo menos dois casos desse tipo ocorreram no ano passado em Pernambuco. O primeiro acidente ocorreu no mês abril e matou um garoto de 2 anos, em Olinda. Ele foi picado quando brincava no chão de casa.

O segundo caso ocorreu em maio, no município de Barreiros, Zona da Mata Sul de Pernambuco. Desta vez, a vítima foi uma menina de 9 anos, também picada perto de casa. Ela ainda foi socorrida. Recebeu o primeiro atendimento em um posto de saúde. Em seguida, foi levada para um hospital e, como o quadro não melhorou, a paciente foi encaminhada para o Hospital da Restauração, localizado no Centro de Recife. No caminho, ela sofreu duas paradas cardíacas e morreu após dar entrada na unidade de saúde.

Duas unidades
Na Paraíba, existem unidades do Ceatox em João Pessoa e em Campina Grande. Elas são referências no atendimento às vítimas de picadas cobras, aranhas e escorpiões. Na capital, o local funciona durante 24 horas, todos os dias, e atende a população também por telefone.

Quem mora em municípios que não dispõem do Ceatox deve procurar ajuda nos hospitais de emergência e urgência. Para aliviar a dor durante a viagem, Luiz Carlos Rocha recomenda que a vítima faça compressas com água morna sobre o local da picada. Também é importante que o caso seja comunicado ao Ceatox que dará, por telefone, as orientações necessárias. “A Secretaria Estado de Saúde possui a lista dos hospitais referências que recebem o soro que combate o veneno de escorpião”, diz Rocha.

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Jornal da Paraíba

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