Especialista questiona dados do IBGE sobre religião

Pesquisas socioeconômicas realizadas pelo IBGE costumam apresentar dados que não condizem com a realidade religiosa do Brasil. É que muita gente não assume para os pesquisadores do instituto a verdadeira opção religiosa por medo ou vergonha e preferem mentir ao dizer que são católicas ou evangélicas.

Para o coordenador do curso de mestrado de Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba, Carlos André Cavalcanti, isso é reflexo de uma cultura de perseguições. “As grandes reformas do cristianismo, do século XIII ao XVI, incutiram a ideia de que cada pessoa só pode ter uma religião, mas esqueceram de avisar isso ao povo brasileiro. Nosso povo mergulhou no hibridismo religioso desde cedo, ainda nos primeiros momentos coloniais. O hibridismo não pode ser captado se a pergunta é ‘qual é a sua religião?’”, observa.

“A pergunta certa viria com uma sequência: ‘O(a) senhor(a) tem mais de uma religião? Se tem, qual a sua religião principal? Quais as outras religiões que o(a) senhor(a) segue?’ Até as pessoas que temem assumir outras religiões se sentiriam mais livres”, analisa.