VIDA URBANA
Especialistas apontam ações para minimizar degradação
Mudar drenagem, implantar biomanta e blocos removíveis são algumas.
Publicado em 27/06/2016 às 13:30
Encosta desnuda, drenagem inadequada e ação natural do mar são os impactos já conhecidos sobre os motivos de degradação na falésia do Cabo Branco. Neste cenário, o diálogo com especialistas é o ponto defendido pelo professor Joácio Morais, presidente da comissão e gestão ambiental da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e pelo professor e oceanógrafo Gilberto Pekala que apontam ações integradas, atacando o problema por todos os pontos vulneráveis para minimizar os danos causados naquela região. Os dois concederam entrevista na manhã desta segunda-feira (27) à rádio CBN.
"Ações isoladas e discussões sobre responsabilidades não contribuem para solução dos problemas, assim como a falta de diálogo com os especialistas prejudica a eficácia dos trabalhos. É preciso fazer um esforço conjunto para enfrentar a situação. Não podemos ficar aguardando que a questão atinja níveis mais graves para só então iniciar um processo real de contenção da degradação", alerta o professor e Gilberto Pekala.
Para o oceanógrafo Gilberto Pekala, os danos podem ser minimizados a partir de ações realizadas em conjunto com objetivo de atacar o problema por todos os pontos vulneráveis. A construção de quebra-mares não é recomendada pelos especialistas.
"De nada adiantaria construir quebra-mares por serem obras de tecnologia antiga e sem a eficácia esperada. Esse modelo já foi utilizado em outras áreas do litoral paraibano, e em outros Estados do Nordeste, e em nada contribuiu para conter o avanço do mar, que representa apenas 30% dos impactos causados na Falésia do Cabo Branco", explica Gilberto Pekala. Para ele, uma nova estrutura, implantada a partir de 2013, consiste em blocos plásticos não tóxicos e removíveis que podem ser instalados na beira do mar e minimizar a retirada de sedimentos e consequente desmoronamento da barreira.
"São estruturas de tecnologia mais nova e que podem ser retiradas a qualquer momento, minimizando impactos ambientais sobre a fauna e flora naquela área. O processo consiste em utilizar o concreto de forma envolta por este produto para evitar que a maré leve sedimentos, principalmente em momentos de ressaca do mar. Além desta ação na parte de baixo da barreira, onde o dano causado gira em torno de 30% de todo o problema na falésia, existem outros procedimentos que devem ser adotados para conter o avanço da degradação", destaca o Pekala.
De acordo com o professor e oceanógrafo, outras duas ações que podem ser realizadas é promover a retirada da camada asfáltica das vias que já foram interditadas, na parte superior da barreira, e desviar implantar uma biomanta para segurar os sedimentos na encosta.
"É possível minimizar os efeitos da água que hoje escorre sobre o asfalto e desaba de forma intensa sobre a falésia. Como as vias já estão interditadas, pode ser deixada a terra exposta que facilita a infiltração menos impactante. Além disso, pode ser feito um trabalho de desvio da drenagem daquela área para evitar que tudo seja despejado ao longo da barreira", comenta o oceanógrafo.
Para o professor Joácio Morais, a drenagem da área superior da barreira, principalmente da área da Estação Ciência, poderá ser desviada para o rio Cabelo, na região de Jacaparé. "Ali pode ser feito depósito das águas de todas as construções e das vias localizadas ao longo da falésia", explica.
O professor lembra ainda que a ação multidisciplinar deve ser adotada para que tanto autoridades, estudiosos e comunidade em geral possam participar das decisões com objetivo de evitar maiores prejuízos ambientais e sociais. " A partir de agora é possível interagir para não permanecer no mesmo erro de tomar atitudes isoladas que causam danos imensos como os que hoje afetam a falésia do Cabo Branco", completa Joácio Morais.
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