VIDA URBANA
Evento faz treinamento para evitar amputações
Profissionais serão capacitados para identificar pacientes com 'Pé Diabético' para prevenir e evitar a amputação do membro.
Publicado em 28/11/2013 às 6:00
Cerca de 200 profissionais da saúde vão participar hoje e amanhã do IV Congresso Paraibano de Endocrinologia e Metabologia e VIII Encontro Campinense de Endocrinologia e Metabologia, que serão realizados, simultaneamente, na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep-PB), em Campina Grande.
Além de palestras, ministradas inclusive por especialistas de outros estados brasileiros, haverá um treinamento para profissionais que atendem pacientes com Pé Diabético, uma alteração que ocorre em pessoas acometidas pelo diabetes mellitus. O curso pretende identificar o problema e evitar a amputação do membro.
A presidente do congresso e especialista em Endocrinologia, Aline da Mota Rocha, informou que a integração dos dois eventos e de um curso voltado para o assunto são as duas grandes novidades do evento, que se inicia hoje às 7h30. “O evento foi montado para abordar diversos temas, de interesses de várias especialidades, então esperamos que profissionais de várias áreas da saúde participem. As discussões deste ano estarão voltadas especialmente para a questão do Pé Diabético, porque se trata de um grande problema na saúde hoje, e através do treinamento que vamos oferecer, os profissionais poderão trabalhar com a prevenção”, informou.
Aline da Mota Rocha explicou que a prevenção pode acontecer com medidas simples, especialmente com a observação constante do membro, já que em muitos casos, o paciente não possui a sensibilidade no pé, que acaba ulcerando, o que pode ocasionar até em amputação, se não for bem tratado.
O curso 'Pé Diabético – Avaliação do Pé Diabético', será ministrado às 8h50, antes da abertura oficial do evento, que ocorrerá às 14h. Na manhã de hoje também serão realizadas oficinas nas áreas de neuropatia, vasculopatia e desbridamento.
A programação de hoje também incluiu uma palestra sobre o tema “Hipotiroidismo e segurança cardiovascular: quais as metas do TSH?”.
Amanhã, a partir das 8h30, o evento continuará com o primeiro discurso do dia, sobre “Avanços no tratamento medicamentoso do DM2”, sendo encerrado às 17h10. Também serão abordadas palestras sobre o tratamento do Hipertiroidismo; da Osteoporose; sobre SOP (Síndrome do Ovário Policístico) e Risco Cardiovascular, dentre outros assuntos.
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REALIZOU 176 AMPUTAÇÕES EM 2012
Em Campina Grande, o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) oferece um serviço específico para o tratamento do Pé Diabético desde o ano 2000. Segundo a endocrinologista e uma das representantes do projeto Força Tarefa, da Organização das Nações Unidas (ONU) na América Latina, Marta Nóbrega, dos 1.200 atendimentos realizados até o final do ano passado, cerca de 176 deles resultaram em amputação.
“Até o final do ano passado 14,7% dos atendimentos resultaram em amputação do membro. O mais importante não é tratar o problema depois que ele estiver instalado, mas tentar prevenir, e isso deve ser feito também através dos programas de saúde da família, porque constatamos que a maioria dos pacientes que chega com o problema no hospital, é de pessoas que são atendidas na rede pública”, contou.
De acordo com ela, também participarão do treinamento profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) de Campina Grande. “A intenção é fazer funcionar o programa Salvando o Pé Diabético, que está acontecendo no mundo todo, através da prevenção”, continuou Marta.
Conforme os dados do projeto do HUAC, 50% dos atendimentos dos pacientes com Pé Diabético são de Campina Grande; com média de 60 anos de idade; com renda familiar de no máximo três salários mínimos; 54,9% são homens; 64,9% sabem ler; possuem sete anos de diagnóstico do diabetes; 61,7% são hipertensos; 22,6% são obesos e; 88,5% apresentam neuropatia (quando certos nervos não funcionam corretamente, o que pode acarretar na insensibilidade de algum membro).
“A neuropatia é um problema sério porque causa a insensibilidade do membro e o Pé Diabético acaba surgindo por causa dessa insensibilidade e da falta de cuidados. Outro fator que é preocupante está relacionado à idade do paciente, que está adquirindo a alteração cada vez mais cedo. Há 10 anos, ele adquiria o problema com mais de 63 anos de idade e, atualmente, constatamos que a faixa etária caiu para 60 anos”, informou Marta. A médica disse ainda que o serviço no HUAC funciona através de demanda espontânea e qualquer pessoa pode procurar o atendimento quando precisar.
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