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VIDA URBANA

Fábrica ilegal de fogos explode

Acidente aconteceu no sítio Cafula, na zona rural do município de Massaranduba; causas ainda não foram esclarecidas. 

Publicado em 27/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 15:16

Após 50 anos trabalhando exposto ao perigo, o comerciante João Matias da Silva, 74 anos, morreu carbonizado na manhã de ontem, quando a fábrica em que ele produzia fogos de artifício de forma clandestina explodiu. O acidente aconteceu no sítio Cafula, na zona rural do município de Massaranduba, no Agreste paraibano. A esposa dele, Severina Alves Custódio, 75 anos, também estava no local e ficou gravemente ferida. As vítimas estavam trabalhando de maneira intensificada com a proximidade dos festejos juninos.

A causa da explosão ainda não foi esclarecida. Equipes do Corpo de Bombeiros e do Instituto de Polícia Científica (IPC) estiveram no local realizando uma perícia e acreditam que o acidente foi provocado por uma pequena faísca, porém não se sabe de onde, nem como. Os laudos devem ficar prontos no prazo de 10 dias e esclarecer os motivos.

O tenente do Corpo de Bombeiros, Diego Matias, chegou a suspeitar que a explosão foi causada por um curto circuito na rede elétrica, mas não encontrou nenhum indício. Dentro da casa foram achados restos de um candieiro, porém, ninguém soube informar se ele era usado para iluminar o local.

Segundo a perita Luciana Tavares, o corpo de João Matias foi encontrado completamente carbonizado. “Antes de ser queimado ele ficou inconsciente. Não sabemos precisar ainda se foi inalando a fumaça tóxica ou com o impacto da explosão.

Esses detalhes deverão ser apresentados nos próximos dias pelo Núcleo de Medicina e Odontologia Legal”, disse.

A esposa do dono da fábrica foi atingida por vários fogos de artifício e teve 45% do corpo queimado. Pelas paredes e calçadas ainda foi possível encontrar rastros de sangue e pele queimada, deixados pelo corpo da mulher, no momento em que tentava pedir socorro. Ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande.

De acordo com o médico intensivista Arturo Fernandes, o estado de saúde da vítima é gravíssimo. “As chamas atingiram o corpo dela da cintura para cima. Além das sequelas na pele ela está com o sistema respiratório comprometido, devido a inalação da fumaça proveniente dos produtos químicos”, explicou o médico.

O casal fabricava os fogos em uma casa localizada ao lado da residência onde moravam. O telhado da casa ficou completamente destruído e as paredes oferecem risco de desabamento. Ainda no final da manhã os Bombeiros terminavam de controlar pequenos focos fumaça. A cerca de 50 metros do local há uma outra cabana onde eles armazenavam os produtos que já estavam prontos para a venda, mas a cabana não foi atingida. Além de fabricarem, eles também revendiam alguns fogos de artifício industrializados.

O local não era adequado e as vítimas trabalhavam de maneira clandestina, sem nenhum tipo de alvará, nem fiscalização. A fábrica clandestina fica localizada em uma área de difícil acesso. Até mesmo o Corpo de Bombeiros teve dificuldades de localizar e chegar ao local, devido às entradas vicinais estreitas, onde até carros pequenos têm dificuldades de passar.

Já a Polícia Civil informou que vai investigar onde o casal comprava a pólvora para fabricação dos fogos e a informação de que eles distribuíam os produtos para revendedores de outras cidades. O casal tinha cinco filhos e sete netos e sustentou a família com o comércio ilegal de fogos de artifício.

Bombeiros não sabiam da existência da fábrica. Apesar de funcionar há décadas e dos registros de explosões anteriores, o 2º Batalhão de Bombeiros Militares (BBM), sediado em Campina Grande e responsável pelo atendimento aos municípios da região, informou que até ontem desconhecia a existência da fábrica clandestina em Massaranduba.


Segundo o capitão Antônio Ramalho, do Centro de Atividades Técnicas (CAT) do 2º BBM, é impossível que a corporação tenha conhecimento de todas as irregularidades que ocorrem nos 63 municípios atendidos pelo Batalhão. “Se nós não recebemos denúncia não temos como saber da existência de muitos desses locais, por isso é importante que a população denuncie para que possamos agir”, explicou.


O capitão revelou ainda que em Campina e região não há nenhum estabelecimento de venda de fogos de artifício que esteja regularizado. Na primeira quinzena desse mês uma reunião entre o Corpo de Bombeiros e representantes das polícias Civil e Militar, Exército, Defesa Civil e prefeitura municipal discutiu o assunto e iniciou a elaboração de um plano integrado para fiscalizar e coibir esse comércio ilegal que coloca em risco a vida de comerciantes e clientes.


Por enquanto, o plano ainda não saiu do papel. De acordo com o capitão Ramalho, outra reunião deverá ocorrer nos próximos dias para continuar as discussões. Já o promotor do Meio Ambiente, Eulâmpio Duarte, informou que o Ministério Público apenas orientou as forças de segurança a se reunirem e traçarem uma forma de fiscalizar esta prática, porém não participa ativamente das operações.


A venda e manipulação de materiais explosivos é um atividade controlada pelo Exército Brasileiro. De acordo com o Código Penal Brasileiro é caracterizado crime o fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante. A pena para esse crime é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Para denunciar casos de irregularidade ao Corpo de Bombeiros, basta ligar para o 193.

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Jornal da Paraíba

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