VIDA URBANA
Faltam infraestrutura e segurança nas cidades pequenas do estado
Morar longe dos grandes centros urbanos na Paraíba e distante de problemas como congestionamentos, alagamentos e grandes conglomerados de favelas tem um preço.
Publicado em 15/08/2010 às 8:48
João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
Morar longe dos grandes centros urbanos na Paraíba e distante de problemas como congestionamentos, alagamentos e grandes conglomerados de favelas tem um preço. A maior parte das pequenas cidades localizadas no interior do Estado possui dificuldades nem tão grandes, mas que incomodam e causam transtornos às populações que nelas residem. Faltam empregos, infraestrutura, organização, segurança e em alguns casos saúde e até educação.
O mototaxista José Ariosvaldo Lima, que mora em Fagundes e trabalha há um ano por falta de outra oportunidade de emprego, conhece bem essa realidade. Pai de três filhos e dono da responsabilidade de criar uma família, ele conta que para resolver quase todos os seus problemas precisa ir até Campina Grande, um percurso de mais de 28 quilômetros. “Na semana passada um conhecido da minha família adoeceu e a gente procurou o hospital, mas foi informado que só era aberto pela manhã e tivemos de levá-lo para Campina”, comentou.
No município onde reside José Ariosvaldo, moram mais pouco mais de 12 mil habitantes e os problemas são visíveis; já na entrada da cidade há uma série de buracos na estrada e um local conhecido como ‘Açude Novo’, situado próximo a um canal, mas cujas margens estão repletas de lixo contrastam com um monumento recém-construído na chegada a Fagundes. Em algumas ruas, a falta de calçamento, esgoto e o lixo também podem ser encontrados. O único hospital público do município teve de fechar as portas meses atrás, por conta de falta de recursos para manter-se funcionando.
Talvez o mais preocupante seja a forma como parte dos estudantes com idades entre 12 e 21 anos são transportados das zonas rurais para a escola, em paus de arara superlotados. Hoje, mais de três mil alunos estudam nas escolas públicas do município. Alguns dos jovens são obrigados a viajar quilômetros agarrados na traseira do veículo. A falta de cumprimento da lei de trânsito, que proíbe esse tipo de transporte, é praticamente a mesma que faz com que motoqueiros percorram toda a cidade sem capacete e nenhum tipo de fiscalização; ou motoristas clandestinos circulem por toda a cidade sem serem incomodados.
“Aqui tem ônibus, mas não dá pra levar todo mundo. Mas a gente já está acostumado com isso, não é de agora. Faz muitos anos que a gente vai e volta para casa de camionete. Mas é até divertido”, comentou um dos estudantes de apenas 16 anos, que seguia em cima do ‘pau de arara’ e estuda na Escola Estadual Joana Emília. Atualmente, mais de 20 ‘paus de arara’ fazem o transporte.
Mas os transtornos não são únicos da população fagundense. A última radiografia dos municípios paraibanos, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que no quesito educação, por exemplo, os municípios ainda não cumpriram o dever de casa em se tratando da elaboração do plano municipal de educação. Segundo o estudo, apenas 33% das cidades (que corresponde a 74 municípios) criaram o plano. Segundo o estudo, as dificuldades encontradas pelos prefeitos para elaborar o plano vão desde a falta de capacidade técnica municipal para fazer diagnósticos e levantar dados como também com a ausência dos Planos Estaduais de Educação.
Já na área de saúde das 223 cidades do Estado, apenas 25% possuem maternidade, o que corresponde a 56 cidades. A maior parte dos municípios também não possui equipamentos e hospitais especializados na realização de cirurgias e atendimento de média e alta complexidade, tendo de recorrer a cidades como Campina Grande, João Pessoa e Patos.
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