VIDA URBANA
Familiares têm papel fundamental em histórias com final feliz
Apoio dentro de casa fortalece laços e, além de ajudar na autoconfiança, contribui para diminuir problemas como a depressão, frequente entre transexuais.
Publicado em 14/06/2015 às 7:00
Leis, normas, reconhecimento social: esses quesitos são avanços importantes, mas o suporte familiar é fundamental para o desenvolvimento saudável e o pleno exercício da cidadania da pessoa trans. Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Williams, da Universidade da Califórnia, estimou que 40% da população transgênero já tentou cometer suicídio.
"Vivendo em uma sociedade discriminatória, o suporte de grupos é importantíssimo para essas pessoas", avalia a professora Loreley Garcia. "E a família é um dos grupos mais poderosos no sentido de apoio psicológico, material e moral", afirma.
O estudo aponta que os principais fatores para um número tão alto têm a ver com violência, discriminação e rejeição – elementos que, juntos, provocam uma situação de vulnerabilidade e suscetibilidade a comportamentos suicidas.
De acordo com o coordenador de Promoção à Cidadania LGBT, da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), Roberto Maia, travestis e transexuais têm perspectivas de vida reduzidas se comparados à população em geral. “Um travesti ou transexual vive, no Brasil, cerca de 36 anos, quando o resto da população tem expectativa de vida de 73,6 anos”, afirmou. “Muitos acabam na prostituição por falta de oportunidade”, acrescentou.
Conforme uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba, que estudou a identidade de travestis e o fenômeno da prostituição no Litoral Norte do Estado, a maior parte das travestis que trabalhavam nas ruas foram expulsas de casa.
Nancy e Andreina devem se considerar uma exceção naquilo que deveria ser a regra: receberam o apoio e o amor incondicional da família. Segundo Nancy, apesar do choque e da resistência iniciais, em nenhum momento sua família a abandonou. “Claro que há um choque e um período de negação e entendimento”, pondera ela. “Mas, depois dessa fase, toda minha família passou a me apoiar”, fala.
O suporte promovido pela família permite à pessoa trans ter confiança de que não estará sozinha para as muitas dificuldades que certamente irá enfrentar – e faz com que ela tenha uma visão mais clara dos outros. “Afinal, uma pessoa que está feliz consigo mesmo e bem resolvida não vai se preocupar com a identidade de gênero nem com a sexualidade alheias”, diz Andreina. “E eu não quero mudar opinião de ninguém. Tudo que peço, como mulher, é respeito”, finaliza.
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