VIDA URBANA
Famílias deixam favela e vão para conjunto
Famílias que viviam em terreno ao lado do Ginásio 'Meninão' foram transferidas para um conjunto habitacional no bairro das Três Irmãs.
Publicado em 14/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 26/05/2023 às 17:31
No último final de semana, 71 barracos instalados em uma ocupação que ficou conhecida como 'Papelão', vizinha ao ginásio 'Meninão', no bairro do Dinamérica, em Campina Grande, foram derrubados por uma equipe da prefeitura. As famílias foram transferidas para um conjunto habitacional no bairro das Três Irmãs e contaram que, apesar da nova moradia ser um sonho realizado, estão com medo de não conseguir pagar o financiamento feito através do programa 'Minha Casa, Minha Vida'.
A desmontagem dos barracos aconteceu no último sábado pela manhã, como um começo da retirada total das famílias, algumas moradoras do local há cerca de 10 anos. De acordo com o secretário de Planejamento do município, Márcio Caniello, as primeiras famílias foram encaminhadas pela prefeitura a apartamentos do Conjunto Major Veneziano II, localizado no bairro das Três Irmãs, algumas há quase três semanas.
“Além delas, 52 famílias deverão também ser transferidas, 19 catadoras já foram cadastradas no programa da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap) e deverão receber casas, para continuar mantendo o trabalho. As demais serão encaminhadas temporariamente ao aluguel social e posteriormente também selecionadas para ocupar residências próprias”, informou.
As famílias que ainda continuam no local, como a do catador e representante do Movimento de Luta pela Moradia (MLM), Mílton Sérgio, esperam ansiosamente pela oportunidade de viver em um lugar digno.
“Nós também estamos ansiosos para sair daqui, porque a gente sabe que esse terreno é da prefeitura, não é nosso, mas sem ajuda não podemos encontrar um lugar e simplesmente deixar esse espaço”, contou. Os barracos foram desmontados tranquilamente, sem nenhum protesto dos moradores.
MORADORES TENTAM SE ORGANIZAR
No bairro das Três Irmãs, os novos moradores tentam se organizar para melhorar seu padrão de vida e continuar sustentando suas famílias. Para a ex-catadora, Claudineide Luiz dos Santos, 34 anos, que sustenta sozinha três filhos, hoje a família vive um sonho, o da casa própria.
“Meu Deus, isso aqui é um sonho. A gente não tinha nada e quando eu olho para tudo isso aqui eu não acredito. Não tenho do que falar com relação ao apartamento, porque é perfeito”, contou. Embora feliz com a nova morada, ela e outros ex-moradores da ocupação do 'Papelão' estão tentando encontrar alternativas para pagar as dívidas, que segundo eles, aumentaram.
“A gente pensava que eram somente as contas de água e energia, mas a gente tem que pagar também o financiamento do apartamento e o condomínio do prédio. Hoje eu não posso mais catar material para reciclagem, porque não tenho onde colocar e também roubaram minha carroça durante a mudança.
Então, a única renda que tenho hoje é o Bolsa Família, de R$ 180,00. Esse dinheiro eu tive que pagar essas contas, mais o carro que trouxe minha mudança. Só não estou passando fome porque minhas novas vizinhas estão me ajudando. Eu queria muito um trabalho”, pediu a ex-catadora.
A dona de casa, Rosemary de Souza, 22 anos, também mãe de três filhos, que cuida sozinha, contou que está desempregada e tem medo que não consiga pagar as prestações da nova residência.
“A maioria dos vizinhos que veio de lá (ocupação do 'Papelão'), está passando pela mesma situação. Eu tenho medo de ter saído de lá, não poder mais pagar aqui e ter que sair daqui também”, lamentou.
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