VIDA URBANA
Famílias esperam por indenizações no Cariri
Agricultores tiveram terras desapropriadas por causa das obras da transposição na Paraíba.
Publicado em 23/03/2014 às 8:00
O projeto que promete acabar com a falta de água no Nordeste, a transposição das águas do rio São Francisco, tem aumentado a expectativa de centenas de paraibanos que além de não veem a hora de ter mais acesso à água, também esperam ser indenizados por terem suas terras desapropriadas por causa da obra. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, 573 propriedades no Estado estão nessa situação, sendo que em 430 delas o processo já foi concluído e as outras 143 estão em fase de análise e preparação de documentos.
Para quem teve que deixar seu lar para trás e ver o lugar onde nasceu ser transformado por dinamites, tratores, retroescavadeiras e outros equipamentos pesados para receber tubos de ligação de água e concreto, o Ministério da Integração já pagou o equivalente a R$ 20 milhões em desapropriações somente na Paraíba, valor que deve ser acrescido em pelo menos mais R$ 6 milhões quando os demais proprietários incluídos no processo de desapropriação também receberem seus respectivos valores.
Dentro desse grupo de pessoas que ainda aguardam receber os valores da desapropriação após a avaliação de sua propriedade está Sérgio Firmino, 57 anos, agricultor que possui uma propriedade de quatro hectares no perímetro urbano da BR-110, no município de Monteiro (Cariri), que compreende o Eixo Leste da obra, e que terá que ceder à União mais de três hectares para a passagem de um canal fechado que deverá ter quase oito quilômetros de extensão.
“Há mais de um ano o Ministério da Integração entrou em contato comigo, veio aqui na minha casa, bateram foto, mediram tudo, disseram que eu não podia mais fazer nada na minha propriedade, me cadastraram para receber um auxílio de R$ 1.200 para aluguel, e mais R$ 800 para me ajudar na mudança. Estou com tudo engatilhado, a casa apalavrada dentro da cidade vendo a hora perdê-la, mas ainda não saiu nada de ajuda financeira. Eu vejo a hora não poder mais me mudar. Se isso acontecer, como é que eu vou ficar?”, questionou o agricultor.
Se o pagamento do recurso para o aluguel ainda não foi pago, quando o assunto é a indenização pela desapropriação da área, Sérgio Firmino também não sabe quando irá receber. De acordo com ele, que teve sua propriedade avaliada em R$ 178 mil, como as obras no município estão próximas de chegar nas suas terras, já era para que ele tivesse recebido a compensação financeira da desapropriação para que ele pudesse recomeçar a sua vida.
“É muito difícil você passar grande parte da vida em um lugar e depois ter de sair. Mas como é algo que poderá resolver nossos problemas com a água, eu não faço questão. Todo mundo aqui precisa dessa água, é uma obra que vai ajudar em muito, só que eu preciso receber o que é meu direito para ter como reorganizar minha vida”, cobrou o trabalhador.
A exemplo de Sérgio Firmino, outros agricultores estão na mesma situação por residirem em área onde as obras da transposição irão passar em Monteiro. De acordo com o Cartório do 1º Ofício da cidade, até agora só receberam apenas o comunicado de desapropriação outros quatro proprietários que ainda aguardam a visita de técnicos que irão avaliar os locais.
Sobre o pagamento das indenizações, a assessoria de imprensa do Ministério da Integração explicou que será feito quando todo o processo de documentação estiver pronto, já que é utilizada uma pesquisa local de terra considerando a classificação dos diversos tipos de solos, bem como as benfeitorias e edificações existentes na propriedade.
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