VIDA URBANA
Famílias reclamam da falta de peixes no Rio Sanhauá
Secretaria de Agropecuária e Pesca (Sedap) admitiu o baixo volume de peixes no Rio Sanhauá.
Publicado em 09/09/2012 às 18:30
Mais de 320 famílias de pescadores que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal na cidade de Bayeux afirmam que nunca houve um peixamento no Rio Sanhauá, por parte do governo e órgãos competentes, em prol de aumentar a quantidade de peixes no estuário.
No entanto, eles alegam que a única reposição de peixes no Rio Sanhauá, com a espécie tilápia, foi realizada em 2007 com fins políticos e que de nada adiantou, pois não houve a preservação dos peixes para que pudesse haver a reprodução e aumentar o pescado na região.
A afirmação é do presidente da colônia de pescadores do município, Antônio Soares. De acordo com ele, a quantidade do pescado tem reduzido cada vez mais, desde peixes até crustáceos.
“Cada pescador não chega a somar nem cem quilos de peixe por mês. A situação está difícil até para a extração de camarão, ostra, mariscos e caranguejo, por exemplo, que antes tínhamos essas espécies em abundância. O pior é que até a pesca em alto mar está difícil”, frisou.
Antônio Soares atribui a escassez às condições em que o rio se encontra. “A poluição é grande, os esgotos das casas descem para o rio, além do lixo que é jogado às margens. Falta educação ambiental para os moradores. A situação está caótica”, lamentou.
Segundo Antônio Soares, a colônia existe desde 1925, mas as primeiras carteiras de identificação dos pescadores só começaram a ser emitidas nos anos 30 pela Capitania dos Portos, que na época era o órgão fiscalizador da atividade pesqueira, o que significava maior segurança aos pescadores.
“Enquanto a pesca era fiscalizada pela Capitania dos Portos, era muito tranquilo porque eles tinham todo o controle do mar e terra. Não era permitida a entrada de embarcações de outros Estados aqui na Paraíba, isso priorizava o pescado apenas para os paraibanos”, disse.
Antônio Soares ressaltou que a insegurança causada pela falta de fiscalização é outro sofrimento vivido pelos pescadores da região.
“Qualquer um pode entrar com embarcação no rio e no mar. Hoje vivemos à mercê da violência. Recentemente, um amigo nosso foi assaltado por um homem armado de outra embarcação enquanto pescava. Ação feita pelos piratas antigamente, hoje é realizada por bandidos que entram na água para provocar a desordem e assaltar o que os pescadores têm de mais precioso, que são os peixes, símbolo do seu trabalho e sustento da família”, relatou.
O presidente da colônia ainda disse que mesmo o prédio da sede sendo próprio, é preciso a colaboração dos pescadores para a manutenção. “Cobramos um valor simbólico de R$ 45,00 ao ano para cada pescador cadastrado na colônia para arcar com as despesas de água, luz e manutenção do prédio”, pontuou.
Antônio Soares lamentou a situação vivida pelas famílias ribeirinhas que dependem do Rio Sanhauá para sobreviverem, já que uma parte do pescado é consumida dentro de casa e outra, comercializada, para ser convertida na única fonte de renda dos pescadores. “É preciso que os órgãos competentes se sensibilizem com a nossa situação, pois se continuar da forma que está, em alguns anos o pescado no Rio Sanhauá será escasso de vez”, concluiu.
Procurada pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap) admitiu o baixo volume de peixes no Rio Sanhauá.
“Realmente deve estar em baixa, já que não foi reposto estoque atual. Temos que providenciar um peixamento”, afirmou.
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