VIDA URBANA
Famílias serão retiradas de quatro comunidades
Dezenas de famílias do Bairro São José e das comunidades Tito Silva, São Rafael e Padre Hildo Bandeira devem ser retidadas.
Publicado em 04/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 17/04/2023 às 16:07
A Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de João Pessoa (Sedes) vão retirar dezenas de famílias do Bairro São José e das comunidades Tito Silva, São Rafael e Padre Hildo Bandeira para demolir os imóveis e relocar as pessoas para condomínios populares. Esse trabalho vem sendo realizado desde o mês de julho, segundo a Sedes. No entanto, os moradores dessas localidades insistem em ficar nos imóveis.
A insatisfação das famílias quanto à saída das casas condenadas pela Defesa Civil Municipal se deve ao valor do auxílio moradia e da incerteza do recebimento de um novo imóvel nos condomínios populares. No bairro São José há pelo menos 100 famílias cujas residências foram identificadas como impróprias para a moradia. Uma delas foi a casa de dona Terezinha Martins, que mora há mais de 40 anos no bairro.
Durante o período chuvoso e com a cheia do rio Jaguaribe, que passa pelo bairro, a casa da diarista é invadida pela água e já está com parte da estrutura das paredes e piso comprometidos.
“Dessa última vez, perdi todos os móveis e não comprei outros, porque sei que o ano que vem vai acontecer de novo”, lamentou.
Terezinha conta que foi cadastrada na Sedes, mas mesmo com a insegurança da casa onde mora, ela conta que só sai do local se for para uma casa própria.
“Esse valor que a prefeitura dá para a gente pagar o aluguel é muito pouco. Pode acontecer a confusão que for, mas só saio daqui se for para uma casa própria, porque minha casa, não vão derrubar”, reclamou. Além da preocupação de não ter como pagar aluguel, caso sejam obrigados a deixar o bairro, outra preocupação dos moradores é quanto ao novo endereço.
A doméstica Maria José Andrade até aceita sair da residência onde mora desde criança, mas a incerteza de não saber onde será construída a nova residência a deixa temerosa por conta do emprego.
“Aqui em casa eu e meus filhos trabalhamos perto do bairro. Se a gente for morar muito longe, não sei como vai ficar. Se fosse para sair daqui, gostaria de ir para um lugar mais próximo, mas até agora não sabemos de nada”, disse a doméstica.
A insatisfação dos moradores é confirmada pelos profissionais da Defesa Civil, que foram responsáveis pela vistoria nos imóveis. O coordenador municipal do órgão, Noé Estrela, informou que todas as famílias que tiveram as casas condenadas e que moram nas áreas de risco já foram cadastradas. No entanto, o trabalho de retirada nas três comunidades e no Bairro São José ainda não começou porque as pessoas não concordam em deixar os locais.
“Nessas comunidades foi onde houve o maior número de desalojados e de pessoas que moram em áreas de risco.
Precisamos fazer a retirada das famílias para reestruturar a área e fazer o trabalho de limpeza e desassoreamento dos rios. Mas, para isso, teremos que fazer novas reuniões para conscientizar a comunidade e não deixar os moradores abandonados”, explicou o coordenador da Defesa Civil, Noé Estrela.
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