VIDA URBANA
FAP vai fechar 22 leitos pediátricos ainda este ano
Publicado em 03/06/2015 às 12:19 | Atualizado em 08/02/2024 às 17:02
Os vinte e dois leitos da ala pediátrica do Hospital da FAP serão fechados dentro de seis meses e nesse período a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande buscará um novo serviço para atender a demanda. A decisão foi tomada durante uma audiência realizada ontem de manhã, no Ministério Público Estadual. A direção da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP) justifica que pretende ampliar em 50 novos leitos o atendimento a pacientes com câncer e que só terá condições se encerrar o atendimento a crianças.
Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) será assinado formalizando os termos do acordo entre a FAP e a Secretaria de Saúde no próximo dia 16 e o principal objetivo do Ministério Público é assegurar o atendimento a cerca de 900 crianças que mensalmente são atendidas na ala pediátrica do hospital.
A secretária municipal de saúde, Luzia Pinto, explicou que hoje nenhum hospital público municipal possui capacidade para receber os 22 leitos em funcionamento na FAP, nem mesmo o Hospital da Criança e do Adolescente. Ela estima que só com a contratação de novos médicos, enfermeiros e auxiliares a prefeitura terá um gasto mensal de R$ 180 mil.
Até ontem (2) não existia nenhuma proposta de local da Secretaria de Saúde onde o novo serviço será implantado. “Vamos nos reunir com nossa equipe técnica, com o Conselho Municipal de Saúde, com o governo do Estado e a comissão intergestores para estudar uma solução”, explicou a secretária.
O objetivo da Secretaria de Saúde é de tentar encontrar um espaço físico para abrigar o atendimento pediátrico nas proximidades do Hospital da FAP, sem prejudicar cerca de 19 comunidades beneficiadas com seu funcionamento. O prazo de seis meses para o fechamento da ala pediátrica da FAP foi uma sugestão da prefeitura para tentar nesse período encontrar uma solução.
O principal argumento da direção da FAP para justificar o fechamento da ala pediátrica é a necessidade de ampliação do número de leitos para atender ao crescimento de 32% anuais de novos casos de câncer. “Nossa intenção é aumentar 50 leitos em oncologia porque a demanda tem sido muito grande”, explica o gestor do hospital, Helder Macedo.
Usuários
Um dos segmentos que mais questiona o fechamento da ala pediátrica do hospital da FAP é dos usuários. Vários deles acompanharam a audiência pública de ontem de manhã e falaram das dificuldades que enfrentarão.
Valquiria Sales, moradora do Bairro Universitário, relatou que enfrentará muitas dificuldades para conseguir atendimento para seu filho, que desde o nascimento é atendido na FAP. “Eu vou a pé para lá”. Maria Rosália Ferreira reside no Araxá e lamentou a decisão do fechamento da pediatria do hospital, argumentando que seus sete filhos são atendidos no serviço. “Quando um deles adoece eu vou direto para a FAP. E agora? Não terei nem dinheiro para chegar a outro hospital”.
Oncologia
A decisão do hospital da FAP de fechar sua ala pediátrica poderá prejudicar sua intenção de ampliar em 50 novos leitos seu atendimento aos pacientes de câncer. O alerta é da secretária de saúde, Luzia Pinto, que explicou a postura do Ministério da Saúde e da Comissão Intergestores Bipartites do Estado da Paraíba de não avaliar positivamente o fechamento dos leitos.
Helder Macedo desconhece que a decisão da FAP prejudicará o credenciamento dos novos leitos. “Não sei em que medida isso será uma dificuldade. O que existe é a necessidade de atendimento. Acredito que vá prevalecer o bom senso”.
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