VIDA URBANA
Fim das torcidas em CG
MPPB vai instaurar procedimento para verificar regularidade das torcidas e investigar relação das práticas criminosas com torcedores.
Publicado em 14/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 15:52
As torcidas organizadas de Treze e Campinense podem estar com os dias contados. O Ministério Público Estadual (MPPB) vai instaurar procedimento para verificar a regularidade das torcidas conforme determina o Estatuto do Torcedor e investigar a relação de causalidade das práticas criminosas com os integrantes. Caso fique comprovado que pessoas se revestem de torcedores para a prática de crimes, o MP irá recomendar a extinção das torcidas organizadas dos clubes de futebol campinense.
Conforme informou a promotora de Defesa dos Direitos do Consumidor, Adriana Amorim, após se reunir na tarde de ontem com o comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Souza Neto, o intuito é controlar a violência relacionada ao futebol na cidade e impedir que vidas sejam perdidas tendo como pano de fundo a rivalidade entre os times.
A promotora informou que as medidas iniciais já estão sendo tomadas, e todo o trabalho de investigação vai envolver também equipes das promotorias criminais que irão analisar os dados das fichas de ocorrências registradas pelo Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop) e os prontuários de atendimentos médicos dos feridos no último confronto entre torcedores.
“Nos preocupam os próximos episódios de rivalidade e queremos garantir a tutela dos verdadeiros torcedores, aqueles que vão aos estádios para simplesmente torcer. Já havíamos conseguido anteriormente proibir que as torcidas organizadas entrem nos estádios, mas a questão também é externa e, por isso, outras promotorias vão estar trabalhando em conjunto para as medidas necessárias serem executadas”, disse a promotora Adriana Amorim.
Diante dos atos de violência e vandalismo registrados na cidade no último domingo, que deixaram três pessoas feridas e um lastro de prejuízos na cidade antes e depois do jogo entre Treze e Campinense, a Polícia Militar solicitou ao Ministério Público a extinção das torcidas organizadas dos clubes de futebol de Campina. Em reunião com a promotora Adriana Amorim, o tenente-coronel Souza Neto expôs a realidade criminosa identificada nas torcidas organizadas e disse que a situação é preocupante, tendo em vista que dentro das torcidas organizadas há pessoas preparadas para matar ou morrer.
Segundo ele, está cada vez mais difícil para a polícia garantir a segurança nos dias de jogos, especialmente nos grandes clássicos, porque as torcidas organizadas vão aos jogos preparadas para brigas, como verdadeiras gangues. “Por mais reforços que cheguem, não há como a polícia estar em 100% dos lugares e conter todos os atos de violência. É preciso tomar providências sérias, caso contrário vidas estarão sendo perdidas por causa da violência praticada pelas torcidas organizadas, como aconteceu recentemente com a morte de dois integrantes de torcidas organizadas. A situação é muito preocupante e grave”, afirmou Souza Neto.
Terminal de Integração e 6 ônibus depredados
A briga entre torcedores de Treze e Campinense também causou prejuízos. Além do Terminal de Integração de Campina Grande, seis ônibus foram depredados.
De acordo com o superintendente de Trânsito e Transportes Públicos de Campina Grande, Vicente Rocha, bancos, cestos de lixos e vidros das cabines de monitoramento do terminal foram quebrados. As imagens do sistema de monitoramento de câmeras vai ajudar a identificar os vândalos. A STTP está fazendo o levantamento dos prejuízos.
Vicente destacou que o Terminal de Integração necessita de maior atenção em dias de jogos. “Em dias de jogo entre Treze e Campinense é inevitável o encontro das duas torcidas no Terminal de Integração, já que muitos utilizam transportes públicos para se locomover ao estádio”, argumentou o superintendente.
Já Rinaldo Costa, gerente de operações da Transnacional e responsável pelas linhas de ônibus que trafegam nas imediações do estádio O Amigão, informou que a empresa teve um prejuízo estimado em R$ 8 mil. Segundo ele, em dias de jogo a empresa coloca linhas de ônibus especiais para levar os torcedores do estádio direto para o Terminal de Integração. Um desses ônibus foi o veículo atacado quando chegava ao terminal. Ele teve os vidros quebrados e parte de sua estrutura danificada. Outros cinco veículos da empresa também foram depredados.
Rinaldo ressaltou que problemas desse tipo têm sido comuns nos dias de jogo em razão das torcidas organizadas que se encontram dentro dos veículos e acabam se confrontando. De acordo com ele, a empresa já pediu reforço no policiamento. (Colaborou Deborah Sousa)
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