VIDA URBANA
Flanelinhas loteiam ruas e intimidam motoristas
Eles têm tabela de preços para vagas públicas. Cobrança é abusiva, mas condutores pagam.
Publicado em 18/05/2014 às 13:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 13:24
Você mal entra no carro para ir embora e toma um susto ao ser abordado por um flanelinha que surge de repente, batendo no vidro e pedindo dinheiro. Temendo ter o carro arranhado ou mesmo sofrer algum tipo de agressão, muitas pessoas acabam cedendo à pressão e pagam pela vaga que ocuparam no meio da rua, local público, mas que se torna privado. Uma sensação de impotência diante do abuso. Em João Pessoa, estacionar na rua tem um preço, e, sem fiscalização, os flanelinhas chegam a cobrar valores absurdos por uma vaga. Não perguntam se o motorista quer ou não pagar. Cobram e intimidam.
É assim, por exemplo, para quem precisa estacionar nas praias de Cabo Branco ou Tambaú, principalmente aos finais de semana ou feriados, quando o fluxo de veículos é bem maior.
Os flanelinhas geralmente só aparecem quando o motorista vai retirar o carro e raramente estão no local no momento da chegada. Alguns, inclusive, pegam o dinheiro e sequer auxiliam os motoristas na saída. Esse tipo de atitude nas vias públicas da capital paraibana acontece sem pudores e sem fiscalização do poder público. As regras são criadas pelos próprios flanelinhas.
Um não pode invadir o espaço do outro. Cada rua tem um dono e não há parâmetro para a cobrança da taxa. Alguns, inclusive, chegam a cobrar mais que R$ 1,50 (sistema de estacionamento da prefeitura, através do Zona Azul).
Parece ter se tornado uma coisa normal, tolerável. Poucos reclamam e muitos pagam. Na área central da cidade, a situação se repete. Na Avenida General Osório, por exemplo, onde estão localizadas a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves e o Mosteiro de São Bento (igrejas muito requisitadas para casamentos), os flanelinhas têm até tabela de preços definida. Isso mesmo. Para estacionar o veículo nessa área, é preciso pagar R$ 5. O valor é informado na chegada, para que o motorista fique ciente do pagamento.
O mesmo acontece com quem estacionar próximo às igrejas de São Francisco ou do Carmo. Alguns flanelinhas são mais 'conscientes' e fixam o valor do estacionamento em R$ 2. São poucos os que se arriscam a ir embora sem acertar as contas com o cobrador. Uma cobrança que não está na lei, mas que tem suas regras próprias. Quem não paga, pode se arrepender.
Como não há fiscalização, alguns flanelinhas têm a ousadia de colocar cones para reservar vagas no meio da rua, impedindo o cidadão de estacionar o veículo na via pública. Essa prática pode ser vista em dias de realização de casamentos na área central de João Pessoa. Quando a cerimônia termina, os flanelinhas seguem os convidados até o local da festa e repetem a logística.
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