VIDA URBANA
Gameleira vira moradia
Sem casa ou trabalho, famílias ocupam o Largo da Gameleira na orla da capital; ações da Seds tentam minimizar a situação de desigualdade.
Publicado em 18/04/2013 às 6:00
Fotos que denunciam violência e presença de moradores de rua no Largo da Gameleira, no bairro Tambaú, em João Pessoa, estão sendo publicadas e compartilhadas no Facebook.
A situação que incomoda os internautas também atinge a população que passa diariamente pelo local, cujas reclamações estão relacionadas ao mau cheiro, consumo de drogas e brigas constantes entre os moradores de rua.
De acordo levantamentos preliminares da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), João Pessoa tem atualmente cerca de 100 moradores de rua e na rua.
A dona de casa Natália Alves, 20 anos, costuma levar o filho de 4 anos para ver o mar, no Largo da Gameleira e, devido a presença dos moradores de rua, mantém uma certa distância como medida de segurança. “Eu tenho dó dessa gente, mas nós não sabemos como podem reagir. Meu filho pergunta por que eles estão deitados no chão e eu tento explicar, mas é difícil para ele entender nessa idade”, disse.
Já o turista Neri Malheiros, que veio de Mato Grosso com a esposa para passar 15 dias na capital, avalia que o poder público tenta esconder a situação. “Todos acabam querendo esconder, mas infelizmente isso é resultado do crescimento urbano e da desigualdade social. Para nós, causa insegurança, pois não sabemos se eles são somente moradores de rua ou também criminosos”, relatou.
Do outro lado dessa realidade social, Maria Eunice, 44 anos, vive no Largo da Gameleira há pelo menos 30 anos e sonha com um lugar para morar. “A gente vive aqui porque não tem casa, mas sentimos medo por tudo que vemos de violência. Eu só queria um lugar para morar. Nós precisamos de ajuda”, declarou.
Segundo a titular da Sedes de João Pessoa, Marta Moura, a pasta tem realizado, desde janeiro deste ano, a ação 'Eu Existo', que é intersetorial e consolida um trabalho de abordagem, triagem e sensibilização com os moradores de rua. A ação foi realizada na última quinta-feira no Largo da Gameleira, onde atendeu mais de 50 moradores de rua. “Destes, 45 foram convencidos a ir para o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), para participar de atividades de conscientização. Deste total, oito foram encaminhados, a pedido, para permanência na Casa de Acolhida Adulta”, disse.
Conforme informações da Sedes, o Centro POP, que no total possui 259 moradores de ruas cadastrados, atende uma média diária de 17 a 25 pessoas.
De acordo com a secretária, essa ação será realizada no mesmo local e em outros pontos de concentração de população de rua, que serão definidos nos próximos oito dias.
POLICIAMENTO
De acordo com o comandante da Companhia Especializada em Atendimento ao Turista (Ceatur), responsável pelo policiamento na área, capitão Onierberth Elias, são realizadas rondas constantes no local, diuturnamente, através de viaturas, além de policiamento fixo com bicicletas, em determinados horários. “Mesmo assim, sempre que solicitados pela população, realizamos abordagem e busca nesses moradores de rua, mas costumeiramente não verificamos drogas ilícitas. No entanto, sempre há o consumo excessivo de álcool, o que pode ocasionar atrito entre eles, mas intervimos para pacificar a situação. Mas essas situações não se configuram como crime”, informou, acrescentando que a Ceatur tem realizado assistências dentro das possibilidades policiais.
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