VIDA URBANA
Gastos com carros-pipa chegam a R$ 7 mil
Publicado em 30/10/2011 às 6:30
Se não bastasse o sofrimento dos moradores de São José do Brejo do Cruz com a falta de água, a prefeitura ainda é obrigada a retirar dinheiro dos cofres públicos para evitar um colapso. De segunda a sexta-feira dois caminhões- pipa abastecem oito caixas de água espalhadas pela zona urbana do município. O objetivo é garantir a oferta do produto para as residências. As caixas de água funcionam de forma coletiva, mas segundo os moradores, não são suficientes para atender à demanda.
“Por isso que a gente tem de comprar pipa nos fins de semana. Tem gente que chega de meia-noite no poço e leva toda a água. Faz fila aqui na caixa, durante a madrugada, do povo pegando água. Quando amanhece o dia não tem mais água. É que a necessidade é muito grande. Eu mesmo moro aqui perto da caixa e fico sem água muitas vezes”, lembrou Maria Veras Saldanha, 56 anos, que reside em uma casa a menos de 10 metros da caixa de água.
No interior da residência não há torneiras. “Aqui a gente nem se preocupa com isso. Desde que nasci que a gente sofre sem água. Eu tinha uma casa há uns 500 metros daqui e vendi para comprar a que moro agora, somente porque é mais perto da caixa”, disse ao revelar que a água consumida não passa em sua casa por nenhum tipo de tratamento. “Vez por outra o pessoal distribui cloro, mas é muito pouco”.
Por mês, são gastos R$ 7 mil no pagamento do aluguel dos caminhões-pipa e na manutenção do fornecimento da água, utilizada também para irrigar 4,5 mil plantas. Quem faz o transporte e a distribuição da água, nos fins de semana, é o motorista Damião Oliveira Araújo, 39 anos. Ele usa os carros-pipa locados pela prefeitura para abastecer as residências. “É uma média de 25 pipas de água por fim de semana que eu coloco. Faz mais de cinco anos que trabalho nisso e todo mundo aqui da cidade quando precisa é só ligar, ou mandar um recado, que a gente chega. Se não for assim, o povo morre de sede em casa”, observou.
Conscientes do problema, os moradores do município procuram colaborar e economizar o pouco de água a que têm acesso. Na rua 19 de Março, por exemplo, os moradores construíram uma espécie de lavanderia, que funciona de forma coletiva.
Uma das usuárias do sistema é Genilda Saraiva de Andrade, 35 anos. “A gente teve de construir um encanamento improvisado, pegando a água da caixa de água até aqui. Mas dá para lavar bem as roupas. Dividindo espaço com todo mundo, cada casa fica com um tempo para lavar”, descreveu Genilda, que utiliza o local duas vezes por semana.
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