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VIDA URBANA

Golpistas tiram proveito da boa fé

Golpistas criam histórias que mexem com a sensibilidade das pessoas e tentam tirar proveito da boa vontade alheia.

Publicado em 01/04/2012 às 6:30


Um pai aflito invade uma pizzaria dentro de um shopping de João Pessoa para pedir atenção à plateia. Entre garfadas, os olhares atentos dos clientes se convalescem com o relato desesperado de 'Paulo do Gesso': “tenho duas filhas internadas com um tipo raro de leucemia no sangue. Para que elas sobrevivam, preciso comprar um leite que custa R$ 200,00 a lata”. De boa vontade, muitas pessoas ajudam com dinheiro, ainda sem saber que tudo não passava de mentira.

O golpe é antigo na praça, mas ainda pega muita gente de boa fé, comenta o delegado Gustavo Santos Carletto, responsável pela Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa.

Vestidos com roupas maltrapilhas, um semblante de desespero e uma história triste na ponta da língua, muitos golpistas conseguem faturar altas quantias das pessoas nas ruas, como do grupo de estudantes de Medicina que estavam na pizzaria no momento da abordagem.

Um dos estudantes, que pediu que fosse chamada apenas de Elis, doou R$ 15,00. Natural de Salvador, Bahia, Elis afirmou que, embora seja da área médica, a abordagem foi tão persuasiva que convenceu a todos. “Por mais que a gente saiba que existem pessoas criando histórias para enganar as outras, acabamos nos sensibilizando com uma história como essa, que envolve crianças doentes e um pai tão desesperado. É muita maldade usar as pessoas dessa maneira”, desabafou.

No discurso tramado para envolver as vítimas, 'Paulo do Gesso' chegou a anotar em um papel o nome das filhas, da médica que estaria acompanhando o caso no hospital e um telefone de contato, para quem quisesse ajudá-las. Um outro grupo que estava no lugar presenciou a cena e ligou para o número e logo descobriram que as informações eram falsas. O telefone era de uma residência onde ninguém conhecia 'Paulo', muito menos as crianças doentes.

“Acho que o gerente do restaurante deveria ter se certificado da veracidade das informações que estavam no papel antes de permitir que ele chegasse interrompendo o jantar dos clientes da pizzaria”, argumentou Elis. O gerente da pizzaria, que pediu que o nome fosse preservado, ao ser informado que se tratava de um estelionato por alguns dos clientes que descobriram o golpe, tranquilizou a todos dizendo que ligaria para a polícia para denunciar o caso.

O delegado Gustavo Santos Carletto afirmou que nunca recebeu queixa contra ‘Paulo do Gesso’. “O problema é que muitas pessoas que são vítimas desses golpes, na verdade, acham que fizeram sua parte em ajudar alguém que parecia necessitado e preferem não denunciar à polícia”, afirma.

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Jornal da Paraíba

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