VIDA URBANA
Greve 'encalha' 4 toneladas de correspondências na Paraíba
Ministério Público Federal orienta os consumidores a buscar alternativas para não serem prejudicados pela paralisação.
Publicado em 17/09/2015 às 7:50
Quatro toneladas de correspondências paradas, pelo menos 700 trabalhadores de braços cruzados e diversos consumidores prejudicados. Esse é o saldo do primeiro dia de greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos na Paraíba iniciada ontem. O sindicato da categoria destacou que a greve está dentro da legalidade, pois mantém cerca de 50% dos servidores na ativa (ao todo são 1.580 carteiros no Estado). O Ministério Público Federal orientou os consumidores a buscar alternativas para não serem prejudicados pela paralisação.
Em Campina Grande, a população também já começa a se preocupar, pois cerca de 50 mil correspondências deixarão de ser entregues, por dia, na cidade, por causa da greve dos Correios, que recebeu a adesão majoritária dos carteiros. Conforme o sindicato local da categoria, Campina Grande possui três setores de distribuição e duas agências dos Correios, que estão todas com o trabalho prejudicado em virtude da paralisação.
No ano passado, foram 42 dias de greve que, para a dona de casa Maria da Glória Soares, na capital, foram um suplício. “As contas não chegavam em casa, a gente atrasou muita coisa, pagou juros, foi horrível”, declarou. Dessa vez, ela afirmou que pretende se resguardar. “Já pedi para meu filho imprimir umas faturas e umas contas”, declarou.
Segundo o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios e Telégrafos da Paraíba (Sintect PB), Emanuel de Souza, a pauta de reivindicações da categoria contém 92 itens. Dentre eles, os principais são referentes às questões econômicas, que são os reajustes de 12%, aumento de R$ 300,00 para todos, reajuste do vale alimentação de R$ 32,00 para R$ 40,00 e cesta básica de R$ 350,00, hoje é de R$ 230,00. Além disso, a categoria pede a contratação de 200 carteiros e 200 atendentes.
Já a contraproposta do governo oferece R$ 150,00 de gratificação retroativo ao mês de agosto, data-base da categoria, e mais R$ 150,00 em janeiro. “Foi uma contraproposta que se resumiu a reposição zero, aumento zero, e uma gratificação condicionada a metas. Foi uma proposta inaceitável”, detalhou Souza.
Segundo a assessoria dos Correios, na Paraíba, apenas onze agências (Areia, Bayeux, Cajazeiras, Guarabira, Mari, Patos, Pedras de Fogo, Pocinhos, Sapé, Sobrado e Sousa) das 205 registraram adesão parcial ao movimento paredista.
Ainda conforme a assessoria, as demais agências funcionaram dentro da normalidade inclusive os serviços de Sedex e o Banco Postal; a exceção são os serviços com hora marcada interestaduais. (Colaboraram Andreia Xavier e Secy Braz)
O que diz o MPF?
O Procurador da República Marcos Queiroga explicou que o exercício do direito de greve nos Correios, embora justo, põe em risco necessidades da população que, muitas vezes, não podem esperar. Nesse contexto, o TST vem sempre decidindo pela permanência de um contingente mínimo de funcionários, algumas vezes chegando a 80%, a fim de garantir o mínimo necessário das atividades, dada sua essencialidade. Se, mesmo assim, algum consumidor se prejudicar de forma significativa, pode mover ação individual contra a empresa, devendo, em todo caso, também se reportar ao Ministério Público Federal, que avaliará a situação e poderá tomar medidas no plano coletivo, visando ao restabelecimento da prestação adequada dos serviços.
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