VIDA URBANA
Grupos realizam ações na busca por pretendentes a adoção
Grupo de Estudos e Apoio à Adoção (Gead) realiza, em parceria com o Tribunal de Justiça da Paraíba, um evento que reúne crianças que hoje se encontram em lares de acolhimento aos seus possíveis futuros pais.
Publicado em 15/11/2015 às 7:00
Entre balões, doces e muitos brinquedos. Recebidas com ares de festa por um grupo de animadores vestidos dos mais diversos personagens que enfeitam as histórias infantis, as crianças têm direito a uma noite de expectativas - a possibilidade de transformar seus maiores sonhos em realidade: o de ter uma família (um lar), e pais para chamarem de seus.
É assim que, pelo quarto ano seguido, o Grupo de Estudos e Apoio à Adoção (Gead) realiza, em parceria com o Tribunal de Justiça da Paraíba, um evento que reúne crianças que hoje se encontram em lares de acolhimento aos seus possíveis futuros pais - pretendentes que, embora não tenham estabelecido como perfil pretendido aquele das crianças que ali estão, muitas vezes se encantam com um sorriso ou um olhar e acabam reescrevendo suas histórias.
Este ano, o evento aconteceu no mês de agosto e reuniu mais de 100 crianças e cerca de 50 casais pretendentes a adoção. A conta, dessa vez, não bate, por um motivo diferente: ali estão não só as crianças disponíveis para adoção, mas também aquelas que se encontram nas casas de acolhimento, ainda esperando uma possível reintegração às suas famílias. Embora muitas vezes os pretendentes cheguem lá sem muitas pretensões, alguns saem de lá com um desejo certo: adotar o menino ou menina que acabaram de conhecer e já se apaixonaram.
Esse foi o caso da administradora Valdeni Nunes de Andrade. Quando foi para o evento, no ano passado, ela tinha um perfil claro: uma criança de até quatro anos de idade. Quando saiu de lá, no entanto, seu desejo já havia mudado completamente. Ela estava totalmente apaixonada por Edson, de 9 anos. "A gente conheceu ele nessa festa, no ano passado, e simplesmente se apaixonou. Não tem explicação. É como se ele já tivesse nascido de nós", comenta. "Na verdade, nós não tínhamos filho. E existe esse tabu, de que uma criança mais velha já é cheia de vício. Por isso queríamos uma com até quatro anos. Mas a gente descobriu que não é assim. O que conta, na verdade, é o amor", complementa.
Essa é apenas uma das ações do Gead. O grupo, que já tem mais de 20 anos, realiza o que Lenilde Cordeiro, a presidente do Gead, chama de busca ativa por adotantes: "Buscamos famílias para as crianças reais que fogem dos perfis idealizados pelos pretendentes. São crianças que têm irmãos, que são mais velhas, que têm a pele negra, ou que têm alguma doença. Elas são preteridas pela maioria dos pretendentes", conta.
"A gente muda destinos. Fazemos aproximações para acelerar esse processo. Porque fica, de um lado, as crianças crescendo nas instituições, e do outro, os pais esperando um telefonema da Vara da Infância. Foi aí que tivemos a ideia de fazermos isso aqui", pontua, referindo-se ao evento que é realizado todo ano. Além disso, no entanto, são realizadas reuniões mensais com os pretendentes à adoção que são abertas a qualquer pessoa da comunidade que queira se informar sobre adoção. Também são promovidos cursos fechados para preparar aqueles que se decidem, realmente, a adotar.
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