VIDA URBANA
Hanseníase: doentes sem cura
Sociedade Brasileira de Dermatologia estima que até 40% dos pacientes abandonam o tratamento por dificuldades financeiras.
Publicado em 28/01/2012 às 6:30
Resistência do doente em buscar ajuda e falta de assistência médica nos municípios da Paraíba têm levado portadores de hanseníase a abandonarem o tratamento. Apesar de ser totalmente curável, a doença tem causado graves sequelas em paraibanos que deixam de comparecer às consultas médicas e de usar os medicamentos indicados.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), dos 680 paraibanos diagnosticados no ano passado, 150 ainda não foram curados. O número, que representa 22% dos casos, pode parecer pequeno, mas a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), seção Paraíba, estima que, em determinadas regiões do Estado, o abandono do tratamento ocorra em até 40% dos pacientes.
O assunto é motivo de preocupação para a entidade. A Sociedade explica que a doença é totalmente curável, apenas se for descoberta no início e se o paciente realizar as consultas e tomar as medicações necessárias.
O problema é que o tratamento é longo e pode se estender até por dois anos. Sem dinheiro para custear as despesas, as prefeituras encaminham os doentes para João Pessoa. No entanto, muitos deixam de comparecer ao serviço médico por dificuldades no transporte.
“O tratamento não é descentralizado. Os municípios não têm estrutura e nem equipes preparadas para fazer o diagnóstico precoce da doença. Por isso, muitos casos são descobertos em estágios avançados. Os pacientes precisam vir até a capital, em alguns casos, até duas vezes por mês. Como muitos não têm condições, acabam abandonando o tratamento”, detalha a dermatologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, seção Paraíba, Francisca Estrela Dantas Maroja.
A médica alerta que a doença é classificada em quatro modalidades, sendo que uma é a mais preocupante por ser causada por bactérias e permitir a transmissão da hanseníase de uma pessoa para outra através dos contatos físicos e vias aéreas.
“Enquanto não é diagnosticada, a pessoa fica sem tratamento e ainda contaminando os parentes e amigos mais próximos.
Quase 90% da população possui uma boa resistência contra a hanseníase devido à vacinação que é tomada na infância, mas ainda há 10% dos habitantes que estão sujeitos a contrair a doença”, detalha a médica.
Ontem, a Secretaria de Saúde de João Pessoa realizou uma ação educativa no Parque Sólon de Lucena para orientar a população sobre o problema, com distribuíção de folders.
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