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VIDA URBANA

Hoje é o dia para definir destino de comerciantes

Os 62 comerciantes da Lagoa serão relocados para diferentes áreas de João Pessoa.

Publicado em 03/07/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 13:26

O destino dos 41 comerciantes dos quiosques e 21 de fiteiros do Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, será definido hoje. De acordo com o secretário da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) do município, Hildevânio Macedo, os comerciantes tiveram o prazo de 15 dias para se dirigirem ao órgão e definirem os locais de relocação. Eles deverão ter seus comércios transferidos para diversas áreas da cidade para, então, ser dada continuidade ao projeto urbanístico planejado para o local. A previsão é de que todos sejam relocados até o fim deste mês. Ontem, as intervenções urbanísticas no local continuaram com a demolição de um banheiro público.

O início das demolições assustou aos donos de quiosques, que ainda estão em processo de negociação para decidir para onde serão relocados. Segundo o proprietário de um quiosque que fica em frente ao banheiro que foi demolido, que não quis se identificar, os 25 anos de trabalho no local serão dificilmente deixados para trás. “Eu vejo que foi um tempo perdido. Não queria sair daqui, mas já me reuni com a Sedurb e ficou definido que eu vou para o bairro de Manaíra. Espero que valha a pena”, comentou.

Diversos comerciantes preferiram não comentar o assunto, revelando que não sairão até ter uma definição sobre para onde todos deverão ir. Além dos quiosques, também fiteiros e ambulantes que ficam espalhados pelo parque deverão ser relocados. Conforme o vendedor de tapioca Augusto Dantas, que trabalha próximo aos pontos de ônibus há 18 anos, todos são a favor de um projeto que revitalize a Lagoa, contudo gostariam de ser incluídos nos benefícios pensados para a área.

“Passamos tanto tempo aqui e agora querem nos colocar em uns locais que não sabemos nem como vai ser. Dizem que uns vão para a integração, outros para mercados públicos. São locais em que já existem comerciantes, existe uma concorrência. Não sabemos como será daqui pra frente, mas ficaremos aqui trabalhando até estar certo para onde iremos”, disse.

A opinião de Augusto foi reforçada pela do comerciante Jurandir Bandeira. Ele possui um fiteiro onde vende uma grande variedade de produtos há mais de 10 anos. “Eu espero que pelo menos, mesmo acabando amanhã (hoje) o prazo para nós negociarmos para onde vamos, eles aguardem estar certo lá para não sairmos e ficarmos sem opções”, opinou.

Quem trabalha como ambulante está ainda mais preocupado com o futuro após a saída de todos os comerciantes. A comerciante Marly Cândido, que trabalha no local há três anos, comentou que está temerosa de sair para outro ambiente. “Aqui a gente tem nosso ganha-pão. Pelo menos quem tem quiosque vai para algum lugar certo, mas e a gente?”, questionou.

SEM MOVIMENTAÇÃO
Com um fluxo intenso, o Parque Solon de Lucena recebe milhares de pessoas diariamente que, muitas vezes, aproveitam a oportunidade para passar em algumas barracas para comprar. Uma dessas pessoas é a servente Elizabete da Silva. Para ela, a saída dos comerciantes deverá prejudicar a todos. “Eu acho que aqui ficará esquisito, fora que são inúmeras famílias sem um local certo ou então em um local que não vai dar lucro para eles. Eu acho que eles deveriam ficar aqui”, comentou.

Para a radialista Eliane Nascimento, a obra do parque deverá trazer benefícios, contudo a retirada de comerciantes e instalação de menos estruturas de comércio deverá desertificar o local. “Eu acho que vai ficar esquisito e virar um ponto de prostituição e drogas. Espero que não comecem a demolir tudo e demorem demais para construir tudo, porque aí é que vai ficar esquisito mesmo”, opinou.

NEGOCIAÇÕES COMEÇARAM HÁ MESES
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Urbano, Hildevânio Macedo, as negociações de retirada dos comerciantes acontecem há alguns meses e, no último dia 19 de junho, todos foram notificados para iniciarem as negociações de relocação. A partir daí, foi dado um prazo, que se encerra hoje, para que todos decidam para onde irão.

“Estamos num estágio bem avançado nas negociações e eles vão sair paulatinamente. À medida que negociamos e o local de saída fica certo, os comerciantes vão saindo e nós vamos demolindo. Algumas estruturas precisarão ser construídas, então a relocação só será feita depois da conclusão. A prefeitura trabalha de acordo com um cronograma para que, até o fim do mês de julho, todos estejam relocados”, explicou, acrescentando que, com relação aos 21 donos de fiteiros, na última quarta-feira foi realizado um sorteio para definir sua relocação. A previsão é que parte deles seja transferida para o Terminal de Integração e outra seja distribuída pelos mercados da cidade.

O secretário reiterou que a demolição do banheiro na manhã de ontem foi apenas mais uma etapa das ações da Sedurb no local, que tiveram início no último mês, com a demolição de um quiosque que já estava desocupado. “As demolições vão acontecer paulatinamente, bem como o projeto, que está sendo desenvolvido em várias frentes e por várias secretarias”, completou.

O secretário da Associação dos Donos de Quiosque do Parque Solon de Lucena, Garcez Filho, explicou que todos estão mais tranquilos após a declaração de que todos deverão sair para um local certo. “Nós assinamos um termo e todos só sairão depois de estar certo para onde irão”, finalizou.

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Jornal da Paraíba

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