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VIDA URBANA

Homem passa de ex-detento ao cargo de diretor em presídio

Silva Neto é o único ex-presidiario paraibano que se tornou administrador prisional.

Publicado em 01/04/2012 às 11:00

Foi dentro de uma cela que o ex-policial militar Antonio Galdino Silva Neto, 44 anos, viveu os piores cinco anos de sua vida.

Quando tinha pouco mais de 20 anos, foi acusado de matar a própria esposa, com um tiro acidental. Sentenciado e preso, ele ainda foi obrigado a conviver lado a lado com os mesmos criminosos que, um dia, ajudou a colocar atrás das grades.

O tempo passou, a pena foi concluída, mas ainda hoje as grades fazem parte da vida do ex-policial. A diferença é que elas não têm mais a finalidade de prendê-lo. Atual diretor do Presídio de Sapé, localizado a 55 quilômetros de João Pessoa, Silva Neto é único ex-presidiário da Paraíba que se tornou o administrador de uma instituição prisional.

Casado, evangélico e estudante do terceiro período do curso de Direito, o diretor conta que não foi fácil mudar o próprio destino.

Apesar do ambiente hostil, foi na cadeia que ele começou a estudar. “Concluí o ensino fundamental e o médio. Quando terminei minha pena, saí pela porta da frente. Procurei emprego, mas não conseguia por causa de meu passado. Depois de algum tempo, comecei a trabalhar na Assembleia Legislativa e acabei, neste ano, sendo nomeado para assumir a direção do Presídio de Sapé”, conta.

Com uma pistola na cintura e vestido com o uniforme preto, cedido pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Secap), Silva Neto relembra a própria história com um certo brilho nos olhos. Apesar de admitir que o passado não foi fácil, ele revela que sente orgulho de determinadas decisões que tomou.

Aos 19 anos, ingressou na Polícia Militar e realizou um sonho que tinha desde criança. Passou seis anos vestindo a farda e era considerado um policial “linha dura”. No combate ao tráfico de drogas, conseguiu realizar muitas prisões, mas também colecionou inimigos.

“Eu era do tipo autoritário e respondi a alguns processos por causa disso. Quando ocorreu o homicídio, em que a vítima foi minha própria esposa, a polícia me prendeu para dar uma satisfação à sociedade. Além de ficar viúvo, fui levado algemado, escoltado para um presídio de Princesa Isabel e, depois, transferido para o Presídio do Serrotão, em Campina Grande”, lembra.

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Jornal da Paraíba

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