Homossexuais denunciam ameaças e lamentam "infeliz mensagem" de Dom Aldo

Phelipe Caldas

Os homossexuais Edvaldo Brasil e Daniel Mondego, que realizarão neste sábado (20) a primeira união homo-afetiva pública da Paraíba, denunciaram na tarde desta sexta-feira (19) que, pela manhã, eles sofreram algumas ameaças por telefone, de uma “voz brava” que os chamavam de “viados safados” e os ameaçavam de seqüestro. Apesar das ameaças, eles dizem que não se intimidaram em hipótese alguma e que amanhã haverá sim a solenidade, marcada para às 20h, na Faculdade de Direito da UFPB.

Segundo Edvaldo, o homem ainda não identificado garantia que amanhã não haveria “casamento gay em João Pessoa” e dizendo que ele já conhecia os rapazes e os locais por onde eles costumavam transitar. Brasil disse, no entanto, que imediatamente seguranças passaram a fazer a segurança dos dois e que eles enviaram um pedido à Secretaria de Segurança pedindo reforço policial para o evento.

A união homo-afetiva acontece amanhã com a presença de representantes do judiciário, de artistas, de familiares, políticos e líderes do movimento gay, a exemplo do Movimento do Espírito Lilás e de outras organizações do gênero.

Edvaldo disse que lamenta o fato de outras uniões terem sido anteriormente realizadas de forma clandestina, mas disse esperar que após esta primeira solenidade, outras pessoas sigam o exemplo.

Sobre a nota do arcebispo Dom Aldo Pagotto, que repudiou a união homossexual, Edvaldo Brasil respondeu no mesmo tom. Segundo ele, a Igreja Católica é a maior indenizadora mundial de casos de pedofilia, e por isso ele também repudiava os erros doutrinários cometidos ao longo de sua história.

Edvaldo declarou também que tem muito católico que se esconde atrás de uma bíblia, por ser homossexual, mas por preferir não admitir e viver em um mundo de mentiras. Por fim, ele disse que respeita todas as correntes de pensamento, mas que lamentava profundamente a “infeliz mensagem dada por Dom Aldo”.