VIDA URBANA
IAB está receoso com obras em escolas de JP
As edificações das escolas Lyceu Paraibano, E.E.E.F Professora Argentina Pereira Gomes e o Instituto de Educação da Paraíba (IEP) também fazem parte do chamado Conjunto Urbanístico Educacional.
Publicado em 06/07/2014 às 8:00 | Atualizado em 05/02/2024 às 11:23
O Conjunto Urbanístico Educacional de João Pessoa, que integra quatro unidades estudantis, está sendo reformado e ampliado pelo governo do Estado. No entanto, a obra está gerando discussão entre os defensores da arquitetura histórica a fim de evitar danos irreversíveis à memória coletiva da cidade, pois entre as intervenções, parte da fachada da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Olivina Olívia Carneiro da Cunha foi demolida.
As edificações das escolas Lyceu Paraibano, E.E.E.F Professora Argentina Pereira Gomes e o Instituto de Educação da Paraíba (IEP) também fazem parte do chamado Conjunto Urbanístico Educacional, localizado no Centro da capital, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), por meio do Decreto Estadual n° 8.644/1980.
Por ser um conjunto arquitetônico tombado pelo Estado, para o projeto ser executado, precisaria da autorização do órgão tombador, mas segundo o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento da Paraíba (IAB-PB), Fabiano Melo, a demolição da platibanda, que é a parede do telhado, não estava prevista no projeto. “Pelo que apuramos junto ao órgão (Iphaep), o projeto da obra foi aprovado, mas o mesmo não previa a demolição da platibanda”, afirmou.
Segundo o presidente, o IAB-PB não teve acesso ao projeto. “Mas chamamos a atenção para a necessidade de um debate com os agentes de salvaguarda patrimoniais e para o necessário rigor técnico na intervenção, para que não haja danos irreversíveis à nossa memória coletiva”, observou.
Para Fabiano Melo, embora os edifícios precisem de adaptações e manutenção ao longo do tempo, sobretudo os mais antigos, se a conservação destes edifícios “não for encarado com seriedade e responsabilidade, perderemos este patrimônio”. “É positivo ver os gestores interessados em fazer estas intervenções. Porém, muitas vezes se entende que os edifícios do movimento moderno não precisam de tratamento específico por serem temporalmente próximos à nossa realidade construtiva. Temos que nossa arquitetura moderna é um dos maiores legados culturais arquitetônicos do Brasil e a forma como a platibanda da Escola Olivina Olívia foi derrubada indica, no meu entendimento, um descaso e negligência com a autenticidade do edifício. Ou seja, muitos pontos negativos ao mesmo tempo”, avaliou.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Cultura e o Iphaep fizeram pronunciamento quanto à demolição da platibanda do prédio da Escola Olivina Olívia, que foi edificado na década de 1950, depois dos outros três edifícios que compõem o Conjunto Urbanístico Educacional. Segundo o documento, as obras de reforma e ampliação do complexo estão sendo executadas pela LINK Engenharia, sob a fiscalização da Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan), havendo os projetos básicos sido submetidos a análise do Iphaep.
Ainda de acordo com a nota, “tendo em vista a necessidade de dotar o referido educandário de lage de coberta – por questões de adaptação às exigências de climatização e segurança, o Iphaep entendeu a sua importância e autorização a sua construção. Por existirem insuficientes registros das técnicas construtivas, dos materiais utilizados e dos aspectos formais, o elemento será reconstruído de acordo com as diretrizes contidas no laudo de vistoria elaborado pelo Iphaep. Com isso, o prédio não sofrerá alteração estética ou estrutural”.
A reportagem procurou a Suplan para comentar o andamento da obra, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento desta edição.
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